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segunda-feira 10 de abril de 2023 às 04:55h

Marcos Pontes, senador e astronauta, tenta se manter na órbita tanto de Lula quanto de Bolsonaro

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Senador mais votado no país em 2022, o ex-ministro e astronauta Marcos Pontes (PL-SP) se equilibra entre elogios ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem chama de amigo, além de responsável por alçá-lo à Esplanada dos Ministérios no governo passado, com acenos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O parlamentar, estreante no Congresso, aposta que seu correligionário tem condições de voltar ao Palácio do Planalto em 2026, mas adianta que, até lá, não pretende fazer oposição automática à gestão petista.

Ministro de Ciência e Tecnologia durante praticamente toda administração de Bolsonaro, o astronauta não se furta em elogiar a decisão de Lula de dar prosseguimento a um acordo com a China pelo uso de satélites, algo que foi iniciado na gestão anterior.

— Não tem essa de sou contra porque sou contra. Isso seria burrice e prejudicaria a população — justificou ao jornal O Globo.

Antes mesmo de chegar ao Congresso, Pontes foi acusado de ter se afastado de Bolsonaro. Durante a campanha, a então deputada estadual Janaina Paschoal (PRTB), sua concorrente na disputa pelo Senado por São Paulo, afirmou que ele não iria representar o bolsonarismo, pois devia a sua carreira de astronauta a Lula. A missão que levou Pontes ao espaço aconteceu durante o primeiro governo do petista. Para se defender, o senador ressalta que sua amizade com Bolsonaro dura duas décadas.

Começo pela esquerda

A primeira tentativa de ingresso de Pontes na política, contudo, se deu pela esquerda. Em 2014, ele disputou sem sucesso uma vaga de deputado federal pelo PSB, a pedido de Eduardo Campos, então presidente do partido e ministro da Ciência e Tecnologia no primeiro governo Lula.

— Eduardo era um cara que, embora fosse do PSB, era capitalista — afirma.

Ele mantém contato com pelo menos um personagem importante do seu antigo partido, o ministro dos Portos e Aeroportos, Márcio França. Os dois se reuniram em 23 de março, segundo Pontes, para tratar da “importância de pequenos aeroportos para o desenvolvimento das cidades”.

— Tenho amizade com Márcio França. Nós concorremos em São Paulo (na eleição para o Senado no ano passado). A gente participou de um evento e tirou fotos junto. O pessoal falou: ‘ Vocês não são adversários?’ A política precisa ser civilizada — disse.

Na mesma medida em que evita ataques a Lula, ele minimiza acusações contra Bolsonaro, como no caso das joias sauditas, em que o ex-presidente é suspeito de ter se apossado de bens que pertencem ao Estado brasileiro. Entre as peças está um relógio da marca Rolex, de ouro branco, cravejado de diamantes. O senador aposta na volta de Bolsonaro ao Planalto nas próximas eleições.

— Certamente vão ter processos, mas eu acredito que ele deve ser o nosso candidato em 2026. Ele vai ter tempo para colocar suas ideias e conversar no país todo — afirmou.

Apesar da declaração de apoio, o astronauta evita encampar algumas das medidas mais radicais defendidas por Bolsonaro, como o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Por outro lado, se diz favorável à discussão de projetos que imponham mandato de oito anos a magistrados na Corte.

Quando integrava o governo, contudo, Pontes entoou versões negacionistas sobre a pandemia da Covid-19, a exemplo do que fazia seu antigo chefe. Ele tentou disseminar o uso de um medicamento ineficaz, segundo pesquisas científicas, para tratamento da doença.

Apoiado por Bolsonaro, Pontes se elegeu senador com 10,7 milhões de votos. Com 60 anos, nascido em Bauru (SP) e formado no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), ele ocupa um gabinete cuidadosamente ornamentado. As paredes são repletas de imagens de Pontes como astronauta e de registros com Bolsonaro.

A cadeira onde o senador costuma se sentar fica em frente a uma fotografia da Terra vista do espaço, tirada pelo próprio parlamentar. Também são encontrados em seu escritório exemplares do livro “O Menino do Espaço”, que foi escrito por sua chefe de gabinete, Christiane Corrêa, e ilustrado com desenhos feitos pelo senador.

Presente para Lula

Em 2006, quando o senador se tornou o primeiro e até agora único brasileiro a tripular uma viagem espacial, Marcos Pontes se encontrou algumas vezes com Lula, que estava em seu primeiro mandato no Palácio do Planalto. Em um desses encontros, em 2005, o hoje senador de direita tirou uma foto com o petista e o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Os dois chefes de Estado tinham acabado de assinar o acordo que permitiu a missão espacial da qual o astronauta participou.

Perguntado sobre um relógio que deu de presente ao petista naquela ocasião, o senador disse que não se recorda do episódio, mas que pode ter ocorrido.

— Eu era astronauta ligado à agência espacial brasileira, e o Lula era presidente. A agência tinha uma série de brindes, moedas, e eu acabava sendo o portador — disse.

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