A servidora concursada Karoline Vital Goes pediu exoneração da prefeitura do município de Ilhéus após ela e sua família sofrer ameaças de ex-servidores demitidos pelo prefeito Mário Alexandre em janeiro deste ano. Karoline é uma das três pessoas que deram nome à Ação Popular que originou a sentença do juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Ilhéus, Alex Venicius Miranda.
O juiz ordenou que o prefeito Mário Alexandre (PSD) exonerasse servidores admitidos sem concurso público num período entre os anos de 1983 e 1988, além dos contratados em seleção simplificada. A decisão judicial atingiu cerca de 500 servidores públicos segundo o site O Tabuleiro.
Com o cumprimento da sentença, conforme publicação, a Prefeitura de Ilhéus convocou aprovados no concurso público realizado em 2016. Karoline obteve a segunda colocação para o cargo de assistente administrativo e aguardava a convocação.
Ela relatou que as ameaças tiveram início após isso. “Canalizaram o ódio do resultado da Ação Popular, de interesse coletivo, contra mim”, disse.
Karoline contou que começou a receber ameaças veladas até de colegas de trabalho. “Tome cuidado! Posso não fazer nada, mas alguém pode fazer…” e “o diabo não vai prevalecer, Deus vai fazer justiça. Alguém tem que pagar!” foram frases que ela escutou enquanto trabalhava.
Mas, de acordo com Karoline, a “paz acabou” quando, durante uma manifestação dos ex-servidores, ela precisou ser retirada às pressas do local de trabalho, porque algumas pessoas demonstraram a intenção de agredi-la fisicamente.
“O assessor do secretário [de Administração] me fez sair correndo da secretaria, com medo de alguém vir me agredir. Aquilo foi demais”, disse.
Karoline também revelou que uma pessoa chegou a procurá-la em seu setor para ameaçar também a sua família. “Você estava na praia da Concha com a sua família, né? Só vou te dizer uma coisa: tome cuidado! A minha doutrina não permite que eu faça nada não, mas eu sei de gente que pode fazer…”, teria dito a pessoa. Karoline é mãe de uma menina de 8 anos de idade e casada com um professor universitário.
Um Boletim de Ocorrência sobre as ameaças foi registrado pela vítima na 7ª Coorpin, em Ilhéus. O registro de uma conversa no WhatsApp, num grupo dos servidores, também foi utilizado como prova e identifica o número de telefone de duas pessoas que realizaram o crime de ameaça. A polícia Civil acompanha o caso.
Sobre o pedido de exoneração, Karoline disse que até o momento a Prefeitura Municipal de Ilhéus não oficializou a sua saída. “Estão “segurando”, falando para eu pensar bem (…) sabem que estou sendo ameaçada”, disse. Karoline não tem ido ao trabalho desde a segunda quinzena de janeiro. “Estou desnorteada. Eu sei que não fiz nada de errado. O salário e a estabilidade já não compensam mais”, desabafou.
Sobre a remuneração que recebeu mesmo após comunicar a sua saída, Karoline disse que aguarda, há dias, as orientações da Secretaria de Administração para devolver o valor.