Em conversas reservadas, integrantes do PL admitem desacordo com a volta de Jair Bolsonaro neste momento e dizem que, por eles, o ex-presidente levaria pelo menos mais dois meses para retornar ao Brasil. A avaliação é a de que ele chega no momento em que a oposição vinha ganhando terreno às custas das dificuldades do governo Lula e de tropeços do presidente, como o episódio com Sergio Moro (União-PR). No País, Bolsonaro vai atrair a atenção para as suas debilidades, como o escândalo das joias e os processos a que responde na Justiça, reduzindo a exposição negativa de Lula. Além disso, poderá fazer aflorar a disputa entre as alas radical e moderada do PL, até aqui controlada por Valdemar Costa Neto com verbas e espaços para os dois polos da sigla.
Imprevisível até para seus aliados, Bolsonaro decidiu voltar ao Brasil por decisão própria, sem mencionar qualquer tipo de estratégia política. Dessa forma, membros do PL arriscam que a sua motivação é mais pessoal do que uma tentativa de se firmar como líder da oposição.
Deputados da sigla dizem ainda que Bolsonaro tende a ajudar Lula e o PT a reciclar as críticas pelos atos golpistas de 8 de janeiro, que haviam perdido força. Dessa forma, melhor seria esperar pela dissolução completa do desgaste, o que somado à desaceleração da economia, seria o esteio para a chegada dele.
Para parlamentares do PT, a chegada de Bolsonaro pode constranger políticos de partidos do Centrão e do Centro que estavam se aproximando do governo e atrasar a adesão deles à base governista.