A relação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o tricampeão de Fórmula 1 Nelson Piquet vai além da condução do Rolls-Royce pelo ex-piloto na posse presidencial. De acordo com o jornal O Estado de São Paulo, foi a “Fazenda Piquet”, em Brasília, o destino de dezenas de caixas de presentes que o ex-presidente ganhou durante o mandato, inclusive os conjuntos de joias de diamantes sauditas.
Segundo o jornal, as caixas saíram das garagens privativas do Palácio do Planalto e do Palácio da Alvorada. Os objetos começaram a ser despachados em 7 de dezembro do ano passado, quando Bolsonaro iniciou as mudanças dos endereços oficiais.
No final de dezembro, Bolsonaro teria mandado um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) ao aeroporto de Guarulhos, em São Paulo (SP), para tentar retirar a caixa de diamantes que seriam para Michelle Bolsonaro, como disse o ex-ministro Bento Albuquerque.
Segundo a reportagem, Bolsonaro quis ficar com os itens de maior valor. Outros objetos, como cartas e livros, foram enviados para o Arquivo Nacional do Rio de Janeiro e a Biblioteca Nacional do Rio. No entendimento do ex-presidente, esses itens seriam bens do Estado brasileiro e as joias são bens pessoais.
Nelson Piquet é um declarado apoiador de Bolsonaro e participou de atos em 2022 e manifestações contra a derrota do ex-presidente nas eleições do ano passado. O ex-piloto de Fórmula 1 fez uma doação de R$501 mil para a campanha de Bolsonaro, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Piquet foi o maior doador “pessoa física” da campanha do ex-presidente.
A empresa de Piquet, a Autotrac Comércio e Comunicações, recebeu um aditivo de cerca de R$6,6 milhões de um contrato de 2019 sem licitação com o Ministério da Agricultura, apesar de a companhia dever R$6,3 mil em impostos.
Nesta segunda-feira (27), o Estadão informou que Bolsonaro ficou com um terceiro pacote de joias dadas pela Arábia Saudita no final do ano passado. O estojo inclui um relógio da marca Rolex de ouro branco cravejado de diamantes. A caixa de madeira clara tem o símbolo verde do brasão de armas da Arábia Saudita. No interior, uma caneta da marca Chopard prateada, com pedras encrustadas. Há também um par de abotoaduras em ouro branco, com um brilhante cravejado no centro e outros diamantes ao redor.
No conjunto há, ainda, um anel em ouro branco com um diamante no centro e outros em forma de “baguette” ao redor, uma “masbaha”, um tipo de rosário árabe, feito de ouro branco e com pingentes cravejados em brilhantes.
Segundo a publicação, a terceira caixa pode estar entre os bens guardados na Fazenda Piquet. O relógio Rolex é avaliado em R$364 mil. Os demais itens somam, no mínimo, R$200 mil. O conjunto de joias foi recebido em mãos pelo ex-presidente, quando esteve em viagem oficial a Doha, no Catar, e em Riade, na Arábia Saudita, entre os dias 28 e 30 de outubro de 2019.
Entenda o caso
Bolsonaro informou que deve retornar ao Brasil nesta quinta-feira (30) para “trabalhar com o Partido Liberal e fazer política”. O ex-presidente mobilizou ministérios, militares, Receita Federal e Força Aérea Brasileira para retirar os “presentes”. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam os fatos, que podem resultar em crime de peculato. A pena prevista é de dois a doze anos de prisão, além de multa.
No dia 29 de dezembro de 2022, o servidor da Receita Federal Marco Antônio Lopes Santanna foi acionado para liberar jóias do ex-presidente e da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro.
Esse caso pode levar o ex-presidente Jair Bolsonaro a responder por peculato.
Bolsonaro recebeu uma terceira caixa de jóias do governo Saudita, com um Rolex de diamantes, e ficou com ela.