Tem sido cercada de expectativa no PL e entre ex-ministros de Jair Bolsonaro a sua chegada ao Brasil, na próxima quinta-feira.
Desde que o ex-presidente começou a fazer planos de retornar ao país, depois de três meses de exílio voluntário nos Estados Unidos, os aliados mais ligados ao Centrão vêm trabalhando para convencer Bolsonaro a não falar sobre fraudes nas urnas e nem atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), e a concentrar seu discurso na oposição a Lula – de preferência falando em economia.
“Se depender de mim, ele só fala de picanha e inflação”, diz um interlocutor que está em contato permanente com o ex-presidente.
Outro parceiro, envolvido na preparação para receber Bolsonaro na chegada, diz que o ex-presidente está “bem pautado”, e que não deverá falar de temas que possam complicar sua situação na Justiça.
A preocupação maior desses interlocutores que vem conversando com o ex-presidente a partir do Brasil é com a influência de alguns assessores e ex-ministros que o acompanham ou estiveram com ele nos Estados Unidos – como o ex-assessor palaciano Tercio Arnaud, ligado a Carlos Bolsonaro, o ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, e o ex-presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães.
A ala mais ligada ao Centrão e ao Congresso teme que esse grupo tenha alguma ideia mirabolante na última hora e convença o ex-presidente a criar algum fato que pese contra ele nos processos judiciais.
Só no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ex-presidente responde a 16 ações que pedem que ele seja declarado inelegível – vários relacionados às suspeitas infundadas que levantou contra o sistema eleitoral, durante a campanha da qual saiu derrotado.
Em seu próprio partido, o PL, é disseminada a convicção de que esse será o resultado dos julgamentos.
Depois da vitória de Lula e dos atentados golpistas de 8 de janeiro, até os bolsonaristas mais radicais abandonaram o discurso de fraude nas urnas e de ataques ao STF, preocupados com o avanço das investigações e com a possibilidade de serem presos ou terem os mandatos cassados.
Bolsonaro, por enquanto, tem demonstrado que vai seguir o script. Mas a tensão deve continuar até o final, porque ninguém é capaz de garantir que ele não terá uma incontinência verbal qualquer.