Em depoimento à Polícia Federal, no dia 6 de abril, o empresário Joesley Batista, um dos sócios do grupo J&F, detalhou o que já havia contado em acordo de delação premiada, firmado com os investigadores da Lava Jato ainda no ano passado, sobre a entrega de uma mala contendo R$ 500 mil ao senador Ciro Nogueira (PP-PI).
O empresário foi ouvido no inquérito que apura se o ex-procurador Marcelo Miller ajudou na elaboração do acordo da J&F quando ainda atuava no Ministério Público Federal (MPF).
Por causa das suspeitas, os benefícios conseguidos a partir das colaborações foram suspensos. O caso está em análise no Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, apesar da possível ilegalidade, a procuradoria se manifestou pela validade das provas obtidas por meio das delações.
No novo depoimento, obtido pela TV Globo, Joesley contou que, no dia 17 de março de 2017, houve uma reunião entre ele, Ricardo Saud e Nogueira, por volta das 19 horas. O encontro, inclusive, foi gravado “para registrar os diálogos e tratativas de entrega de R$ 500 mil para Ciro Nogueira, o que de fato ocorreu”.
Já a entrega do montante, ainda conforme o delator, foi feita “diretamente por Ricardo Saud para o senador Ciro Nogueira, na garagem da casa de Joesley, em São Paulo”.
O advogado de Ciro Nogueira alegou que seu cliente tinha uma relação republicana com Joesley. Disse também, por meio de nota, que o senador nunca recebeu dinheiro do empresário e que a gravação da conversa vai comprovar isso.
Ainda conforme o dono da J&F, Ciro Nogueira era um de seus maiores interlocutores políticos para tratar de interesses do grupo empresarial, nos últimos 3 anos.
Caso Rocha Loures
A mesma prática foi adotada por Joesley com Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do presidente Michel Temer, filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil, também entregue por Ricardo Saud, em um restaurante de São Paulo.
Operação
O senador, o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) e o ex-deputado pelo PP, hoje no PROS, Marcio Junqueira foram alvos de uma nova investigação da Lava Jato, nessa terça-feira (24), sobre a suspeita da compra de silêncio de uma testemunha, o ex-assessor do senador, José Expedito Rodrigues Almeida.