Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) classificaram como “fora do tom” as últimas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, abrindo guerra aberta com o Banco Central e atacando o hoje senador Sergio Moro.
Magistrados disseram ao blog que o problema do chefe do Executivo Federal é que não há, no Palácio do Planalto e nos ministérios, ninguém que fale de “igual para igual” com ele.
Os ministros avaliam que Lula está errando porque seus assessores não conseguem alertá-lo sobre “bolas divididas” em que não deveria entrar.
“Não tem ninguém que fale de igual para igual com ele, não tem mais José Dirceu, Antonio Palocci, Luiz Gushiken, José Genoíno, que traziam Lula para a realidade quando ele derrapava”, avaliou um ministro do STF ao blog.
Para eles, o único que atualmente fala no mesmo tom com Lula é o líder do governo no Senado, Jaques Wagner. Porém, o ex-ministro não está no Palácio do Planalto para tentar controlar o amigo e evitar que ele crie crises para o próprio governo.
As queixas em relação às “derrapagens” do petista também estão presentes entre seus aliados no Congresso e na equipe ministerial.
No caso dos ataques a Moro, quando Lula disse que tudo poderia não passar de uma armação do hoje senador, a equipe do presidente avaliou como um grande “gol contra”.
Afinal, no dia anterior, o ministro da Justiça, Flavio Dino, e o diretor da Polícia Federal, Andrei Passos, buscaram destacar que a PF fez um trabalho apartidário, protegendo a vida inclusive do ex-juiz e ex-ministro, adversário de Lula.
Assessores tinham a intenção de tocar no assunto com o presidente nesta sexta-feira (24), em reunião do Conselho Político convocada para o Palácio do Planalto.
Mas esse encontro foi cancelado depois que o presidente foi diagnosticado com uma pneumonia leve e recebeu a recomendação de ficar em repouso, para conseguir se recuperar e viajar para a China, no domingo (26). A princípio, a viagem seria no sábado (25), mas foi adiada.
O médico de Lula, dr. Roberto Kalil, esteve nesta sexta-feira (14) em Brasília e avaliou que o presidente tem um estado bom e vai se recuperar a tempo de embarcar no domingo, para uma agenda considerada “estratégica” nas negociações com o principal parceiro comercial do Brasil.