O presidente Lula (PT) cometeu segundo o colunista da Veja, Matheus Leitão, mais uma vez o grave erro de se comportar de forma parecida com Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista ao site 247, afirmou que, quando estava preso, chegou a dizer que só ia estar bem quando “[fodesse Sérgio Moro]”.
A frase exata é esta: “De vez em quando, um procurador entrava lá de sábado, ou de semana, para visitar. Entravam 3 ou 4 procuradores e perguntavam: ‘está tudo bem?’. Eu falava: ‘não está tudo bem. Só vai estar bem quando eu foder esse Moro’. Vocês cortam a palavra ‘foder’ aí”.
Ruim. Muito ruim. E explico porque.
Lula tem que manter o sentimento de esperança ligada a ele, se afastando dessa retórica estúpida e agressiva do bolsonarismo, que usa ódio como ferramenta de comunicação em massa.
Diz o sábio que gentileza gera gentileza.
A Bíblia mesmo ensina o seguinte: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira”. Ou “a língua dos sábios adorna a sabedoria, mas a boca dos tolos derrama a estultícia”.
O país passou quatro anos sob a estupidez da estultícia bolsonarista. Precisa focar em outros valores.
Ademais, o agora senador Moro (União Brasil) tem sido irrelevante no cenário nacional – quase esquecido – e só ganhou com essa declaração, vitimizando-se nas redes sociais e em entrevistas para órgãos de imprensa.
Por mais injustiças que tenha sofrido, Lula tem que jogar qualquer sentimento de vingança na lata do lixo, levantar a cabeça e… dar a outra face, mesmo que seja difícil.
Além de um favor ao Brasil, fará muito bem a ele e à sua história. Politicamente, será inclusive um grande contraponto em relação a Jair Bolsonaro.
Já basta ter aceitado ministros ligados à milícia carioca, como comentado aqui na coluna. Agora querer espalhar ódio é se aproximar daquilo que o líder da extrema-direita tem de mais abjeto.