segunda-feira 23 de dezembro de 2024
"A empresa está com mais caixa, menos dívida e custos mais baixos. Temos uma liquidez hoje que não é comparável com praticamente nenhuma outra companhia aérea” Jerome Cadier CEO da Latam Brasil. (Crédito: Divulgação)
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sexta-feira 17 de março de 2023 às 12:53h

Latam acerta os passos, cresce e já sabe o que (não) fazer para perder dinheiro

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Quase três anos após entrar em recuperação judicial em decorrência da pandemia, o Grupo Latam parece, enfim, ter superado a turbulência. Ao menos na conta bancária. A holding com sede em Santiago, no Chile, e com operações por Peru, Equador, Colômbia e Brasil, registrou lucro líquido de US$ 2,5 bilhões no quarto trimestre de 2022, revertendo prejuízo de US$ 2,7 bilhões de um ano antes. As informações são de Angelo Verotti.

No acumulado de 12 meses, a companhia obteve lucro de US$ 1,3 bilhão. E o braço brasileiro também tem muito a comemorar. “A empresa está com mais caixa, menos dívida e custos mais baixos”, afirmou Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil. “Temos uma liquidez
[US$ 2,3 bilhões] hoje que não é comparável com praticamente nenhuma outra companhia aérea.”

A redução dos custos operacionais durante a reestruturação financeira permitiu à Latam retornar à primeira posição do mercado doméstico em 2021, feito repetido no ano passado (36% de participação no período entre dezembro de 2021 e novembro de 2022), à frente da Gol (vice-líder, com 33,7%) e da Azul (29,7%, em terceiro). “Posto que tínhamos ocupado pela última vez em 2015.”

Essa condição acabou refletida na quantidade de destinos atendidos pela companhia aérea no momento — 54 — e com início da operação para Passo Fundo (RS) programada para este mês. “Além disso, continuamos recebendo aeronaves. Ou seja, essa eficiência permite maior capilaridade, mais crescimento.”

Internacional

Apesar de prever um ano com muita volatilidade, o executivo espera que a Latam possa aproveitar as oportunidades de crescimento. A aposta está também no mercado internacional. A empresa tem voos diretos para 21 destinos pelo mundo e pretende retomar a rota para Joanesburgo (África do Sul), a partir de setembro, e ainda disponibilizar voo direto de São Paulo para Los Angeles (EUA), em agosto, o que está condicionado à entrega de aviões modelo 787 Dreamliner pela Boeing.

O mercado norte-americano, aliás, tem perdido espaço para destinos na Europa. Isso tem acontecido, segundo Cadier, por causa da desvalorização do real mais frente ao dólar que ao euro, o que tornou mais cara a viagem para a Terra do Tio Sam. “Antigamente, a Europa era vista como o destino mais caro, mas agora isso não é tão real”, disse. Entra na conta também a demora no agendamento de entrevistas nos consulados e na embaixada dos Estados Unidos no Brasil, o que tem dificultado a emissão de vistos.

A expectativa para a temporada é que a Latam Brasil amplie a sua oferta de assentos entre 8% e 11% na comparação anual, o que deve representar uma alta entre 7% e 10% frente ao período pré-pandemia (2019). De acordo com o executivo, os números à época, principalmente no segundo semestre, acabaram influenciados pela saída do mercado da Avianca Brasil, que depois teve a falência decretada.

13% foi a alta alcançada pela Latam brasil no número de passageiros durante os meses de dezembro e janeiro

Uma coisa, no entanto, é certa: a operação brasileira não vai comprometer a rentabilidade para conquistar market share. A intenção é focar apenas em rotas rentáveis e aumentar as suas margens. “Dificilmente você vai ver a Latam destruindo preço (competindo por preço). Não está entre as minhas metas ser líder. Isso é consequência (do trabalho)”, afirmou.

Cadier vê espaço para redução de preço nas tarifas caso o combustível de aviação fique mais barato. A Petrobras anunciou este mês uma redução de 13,8% no preço do querosene utilizado nas aeronaves. O custo com combustível representa 40% dos gastos de uma companhia. “Esperamos que, à medida que o combustível continue apresentando queda, as passagens acompanhem isso”, afirmou. E, apesar de os preços das passagens seguirem elevados, a demanda por voos se mantém em recuperação.

No ano passado, no ambiente doméstico, a Latam computou 98% do nível de operação de 2019, no período pré-pandêmico. A Latam Brasil teve crescimento de 13% no número de passageiros na alta temporada de verão na comparação anual. Ao todo, a companhia transportou mais de 6 milhões de passageiros em suas rotas pelo País e ao exterior em apenas dois meses, entre dezembro de 2022 e janeiro de 2023. Foram mais de 43,7 mil voos, com uma oferta de assentos 25% maior em relação ao mesmo período de 2021 e 2022.

Retomada do mercado

A retomada da Latam após o período de Chapter 11 (recuperação judicial nos Estados Unidos) é destacada por Roberto Alvo, CEO do grupo Latam. Com base nos resultados apresentados no ano passado, o executivo vê a companhia fortalecida e mais competitiva do que antes da crise sanitária. Além disso, visualiza importantes avanços em diferentes temas. “A nossa malha aérea foi ampliada por meio da aliança com a Delta e novas rotas foram inauguradas”, afirmou. A melhora no serviço ao cliente e o avanço na renovação da frota também foram apontadas como responsáveis pelo desempenho. “Assumimos uma posição de liderança em sustentabilidade, o que nos permite ficar otimistas com o futuro.”

Para o CFO Ramiro Alfonsín, o grupo teve importantes avanços financeiros em 2022, com destaque para a redução de 37,5% da dívida bruta em relação à pré-pandemia. “A Latam também mostrou uma sólida recuperação operacional no quarto trimestre, quando as operações consolidadas do grupo atingiram 82,3% dos níveis de 2019, o que representa o maior nível desde o início da pandemia.”

No ano passado, o grupo Latam transportou 62 milhões de passageiros, aumento de 22 milhões na comparação anual, com 144 destinos atendidos em 22 países. Este ano, a previsão é de um crescimento anual em suas operações de passageiros e carga de mais de 20% em relação a 2020. Em 2023, serão 38 novas rotas não operadas em 2019, sendo que duas delas fazem parte da joint venture com a Delta. Além disso, dois importantes mercados registram crescimento de market share nos últimos quatro anos: no Chile, as operações subiram de 58% para 60%, enquanto no Peru avançaram de 62% para 65%. Um sinal de que as turbinas de seus aviões seguem a plena capacidade.

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