Enquanto o governo Lula enfrenta dificuldades para consolidar sua base de apoio no Congresso, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, autorizou segundo o colunista Alberto Bombig, do Uol, que ao menos 30 de seus 99 deputados federais a negociarem emendas parlamentares e cargos de escalões inferiores com o Palácio do Planalto.
A costura de bastidores, iniciada ainda em fevereiro, como mostrou a coluna, avançou nos últimos dias e foi conduzida, principalmente, por parlamentares do PT paulista. O movimento teve o aval de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, que, ao menos oficialmente, está na oposição ao atual governo Lula.
Se conseguir contar com esses 30 votos do PL na Câmara, a base governista poderá minimizar o desgaste provocado pela crise no relacionamento com o MDB e a União Brasil, partidos que integram a coalizão formada em torno de Lula, mas que, na prática, não estão completamente fechados com o Planalto.
Na semana passada, mesmo estando à frente de três ministérios, o MDB aprovou documento afirmando que não dará apoio automático ao governo Lula. A União Brasil vem se declarando independente desde o início do atual mandato. O partido também comanda três ministérios.
Juntos, MDB e União Brasil somam 101 deputados na Câmara. Diante das dificuldades de consolidar o bloco de apoio, a estratégia do governo federal será a de partir para o “varejo” no Congresso, ou seja, negociar caso a caso com os parlamentares e, de preferência, sem a participação dos líderes.
Além do PL, o Planalto também está buscando apoios no PP e no Republicanos, partidos que estiveram com o Bolsonaro na eleição do ano passado. No horizonte dessas conversas está uma possível reforma ministerial a ser feita por Lula ainda neste semestre.
Sem radicais. Os parlamentares do PL autorizados a negociar com o governo integram a chamada “ala moderada” do partido, ou seja, estão distantes do bolsonarismo. Os radicais da legenda seguirão na oposição a Lula.
Fazem parte da ala radical, por exemplo, os deputados federais Nikolas Ferreira (MG) e Eduardo Bolsonaro (SP). A família do ex-presidente, no entanto, vem perdendo força internamente no PL após uma série de dificuldades envolvendo o patriarca.
A mais recente delas, o caso das joias trazidas da Arábia, abalou a relação de Valdemar Costa Neto e Jair Bolsonaro. O presidente do partido tem dado apoio jurídico para a ex-primeira-dama Michelle, mas ainda aguarda mais esclarecimentos sobre o caso para se posicionar mas claramente.