O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem evitado polemizar publicamente sobre as joias que teriam sido presenteadas pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro e à ex-primeira-dama Michelle. Mas, nas conversas reservadas que mantém sobre o assunto, o petista avalia que a versão do ex-presidente não fecha.
Lula segue uma linha bem parecida com a adotada recentemente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad: a de que ninguém recebe um presente de caráter personalíssimo com essas características. Não é uma garrafa de uísque, uma caixa de charutos ou um item relacionado diretamente à cultura do país visitado. Joias não são incomuns. Mas não com valor de dezenas de milhões de reais.
Todo esse episódio, na visão de aliados de Lula, transformou-se em um grande presente para o governo. O caso tirou o foco de problemas como os desafios na economia e as denúncias que atingem ministros do atual governo. O caso enfraquece Bolsonaro, alegam os mesmos interlocutores. Mas é preciso lembrar que o ex-presidente ainda é muito forte. E tem uma base fiel que não vai se dobrar diante do noticiário sobre o assunto.