Quatro americanos foram sequestrados por homens armados na semana passada, logo após atravessar a fronteira com o México, na cidade de Matamoros. Dois foram mortos e dois sobreviveram à provação.
Por enquanto, o governo mexicano não se pronunciou sobre o motivo do ataque. Mas o gabinete do procurador-geral do Estado de Tamaulipas afirmou que a teoria de que este era um caso de erro de identificação estava “ganhando força”.
As autoridades não comentaram sobre duas hipóteses específicas levantadas — que uma quadrilha de narcotraficantes os confundiu com rivais baseados nos EUA, membros de uma quadrilha de narcotraficantes haitiana ou contrabandistas de seres humanos. Mas disseram que havia várias linhas de investigação diferentes, e que nenhuma estava sendo descartada nesta fase.
Matamoros fica entre as facções em guerra do Cartel do Golfo, que lutam pelo controle das chamadas plazas — as rotas de contrabando de drogas para os EUA.
Aparentemente desprevenido, o grupo de amigos da Carolina do Norte dirigiu sua minivan direto para o turbilhão. A provação deles durou quatro dias.
Enquanto os cidadãos americanos eram levados de esconderijo para esconderijo, de modo a evitar que fossem descobertos, a embaixada dos EUA emitiu um comunicado exigindo sua libertação imediata.
Para qualquer cartel mexicano — ou até mesmo uma gangue criminosa comum que opera ao longo da fronteira — isso significa problema.
A gangue armada deve ter entendido imediatamente que o ímpeto de uma operação conjunta da Polícia Federal dos EUA e do México se voltaria em sua direção. Se o objetivo era cobrar resgate, como costuma ser o caso no México, eles devem ter percebido que agora era muito improvável que fosse pago.
Seria muito mais fácil, então, simplesmente devolver os americanos e desviar parte do furor que se dirigia para sua gangue.
“Meu palpite é que essa é a explicação mais razoável para o que aconteceu”, diz Alejandro Hope, analista de guerra do narcotráfico mexicano .
“Eles deviam ter conexões ou contatos com a polícia local, e simplesmente contaram a seus contatos onde era seu esconderijo”.
Os americanos foram encontrados “em uma casa de madeira” em Matamoros, informou o governador de Tamaulipas, Américo Villarreal, após terem sido levados para vários lugares para “criar confusão e impedir o trabalho de resgate”.
Eles foram identificados como Latavia “Tay” McGee, Shaeed Woodard, Eric James Williams e Zindell Brown.
McGee saiu ilesa, enquanto Williams sofreu “uma lesão devido a um ferimento a bala em uma das pernas”, acrescentou Villarreal.
Os sequestros no México são assustadoramente comuns. No ano passado, o México bateu a marca de 100 mil pessoas desaparecidas no país. A maioria dos sequestros é realizada com total impunidade, principalmente no caso de imigrantes sem documentação que viajam para o norte rumo aos EUA.
Em comparação, este caso foi resolvido de modo incrivelmente rápido. Alguns mexicanos chegaram a manifestar frustração nas redes sociais em relação à velocidade com que estes crimes são resolvidos quando estrangeiros estão envolvidos.
“Em menos de uma semana. E os milhares e milhares de mexicanos sequestrados?”, escreveu um usuário no Twitter.
“Não deixa de ser verdade”, diz Hope.
“As instituições mexicanas possuem um conjunto limitado de recursos. Mas se elas concentrarem esses recursos em casos específicos, sim, elas são capazes de resolvê -los”.
“É sobre visibilidade e impacto político”, ele acrescenta.
Claramente, neste caso, a vontade política do México de encontrar uma solução não poderia ter sido maior.
O embaixador dos EUA, Ken Salazar, encontrou o presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, para discutir o assunto e disse que o Departamento de Estado americano “não tinha uma prioridade maior do que o bem-estar de seus cidadãos no exterior.
O caso foi encerrado em 24 horas.