A melancolia de Jair Bolsonaro surpreendeu amigos segundo a coluna de Elio Gaspari, na Folha, que acreditam na sua resistência a uma eventual derrota.
Desconfiado mesmo nos momentos de glória, o capitão registra como traições gestos de puro distanciamento.
Pelo andar da carruagem, Bolsonaro poderá ser preso pelo que se chama de “juiz da sexta-feira”. É o magistrado que prende uma celebridade na sexta, ganha fama e tem a medida revogada na semana seguinte.
MORAES E OS VALENTÕES
Com sua experiência de promotor e secretário de Segurança, o ministro Alexandre de Moraes costuma repetir que muitos valentões desafiam a polícia na hora da prisāo e, dias depois, sentam na cama da cela para chorar.
Parece exagero, mas um bolsonarista preso em Brasília, no dia 8 de janeiro, contou ao repórter Tacio Lorran: “Eu achava que tinha um preparo psicológico, mas não aguentei. Pedi atendimento psicológico, lá. Chorar, meu filho, é fichinha. É desespero mesmo. Não tem quem não chore lá dentro. Não vi um pai de família que não chorou”.
TRIUNFALISMO DIPLOMÁTICO
Jair Bolsonaro presenteou Lula com uma agenda diplomática de sonhos. Soube arquivar o pária e voltar a falar a língua dos povos.
A passagem de Lula pela Casa Branca e a de John Kerry por Brasília sugerem que, por algum motivo, os americanos estão praticando uma política de muita simpatia e pouco resultado.
Lula quer entrar na mediação da guerra da Ucrânia, defende a criação de um organismo internacional de governança ambiental, quer reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas e, se lhe sobrar tempo, aceita o prêmio Nobel da Paz.
Diplomacia barulhenta produz muitos sorrisos e poucos resultados.
O apetite de Lula por cargos na burocracia internacional provocou até piadas, pois a eleição do argentino Bergoglio para o papado teria sido uma derrota do presidente.