Israel criticou nesta quinta-feira a decisão do Brasil de permitir que dois navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro, mesmo após a pressão dos Estados Unidos, e pediu ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que mande-os embora.
Os navios de guerra IRIS Makran e IRIS Dena atracaram no Rio de Janeiro na manhã do domingo. A Reuters informou que o Brasil se recusou a admiti-los em janeiro, em um gesto de Lula aos EUA antes de viajar à Washington para se encontrar com o presidente norte-americano, Joe Biden.
Israel e o Irã estão inseridos há décadas em um conflito no estilo da Guerra Fria, que inclui acusações mútuas de sabotagem marítima.
Lior Haiat, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, disse que a permissão brasileira aos navios iranianos representa um “desenvolvimento perigoso e lamentável”.
“Ainda não é tarde demais para ordenar que os navios deixem o porto”, disse Haiat no Twitter.
A assessoria de imprensa de Lula não respondeu a um pedido de comentário da Reuters.
Nesta quarta-feira, o senador dos EUA Ted Cruz pediu sanções contra o Brasil, chamando o atracamento de “uma ameaça direta à segurança dos norte-americanos”.
“O governo Biden é obrigado a impor sanções relevantes, reavaliar a cooperação do Brasil com os esforços antiterroristas dos EUA e reexaminar se o Brasil está mantendo medidas antiterroristas eficazes em seus portos”, disse o republicano em comunicado.
O vice-almirante Carlos Eduardo Horta Arentz, vice-chefe do Estado-Maior da Armada autorizou que os navios de guerra fiquem atracados entre 26 de fevereiro e 4 de março, de acordo com o Diário Oficial.
A Marinha do Brasil concede liberação para embarcações estrangeiras atracarem no Brasil, mas somente após autorização do Itamaraty, que leva em consideração o pedido da embaixada solicitante e fatores logísticos.
A diplomacia com o Irã foi um dos destaques das tentativas de Lula de fortalecer a posição internacional do Brasil durante seus mandatos presidenciais anteriores. Lula viajou a Teerã para se encontrar com o então presidente Mahmoud Ahmadinejad em 2010, quando buscava negociar um acordo nuclear entre o Irã e os Estados Unidos.