“Todo partido quer ter candidatos nos 417 municípios, com chance de vitória. Mas a gente sabe que isso é utopia. Então, nós vamos tentar movimentar o PDT e lançar os candidatos apenas onde tiver chances de eleição”, declarou o parlamentear baiano
O deputado federal Félix Mendonça Juúnior (PDT) afirmou em entrevista a Por Guilherme Reis, Rodrigo Daniel Silva e Paulo Roberto Sampaio, do jornal Tribuna, que a tendência é o PDT indicar novamente Ana Paula Mattos para ser candidata a vice-prefeita na chapa à reeleição de Bruno Reis (União Brasil).
“É uma possiblidade, mas antes disso tem a própria candidatura a prefeito. Não é uma coisa que passa automaticamente. Nós apoiamos na eleição passada e oferecemos um vice. Vamos ver como vai se comportar nessa eleição. Nós tínhamos um candidato a prefeito na eleição passada. E até agora não tem. Todo o partido quer ter um prefeito, mas Ana Paula tem representado bem. Estamos muito felizes com ela. Se fosse hoje, eu diria que sim. Apoiaríamos ela naturalmente. Mas como está muito distante ainda, muita coisa pode acontecer”, disse.
Tribuna – Como avalia o início do governo Lula? As primeiras medidas econômicas foram acertadas? Como é que o senhor está vendo esse conflito com o Banco Central?
Félix Mendonça Júnior – A medida econômica eu ainda não vi nenhuma de peso ainda. O conflito com o Banco Central, eu vi com muito bons olhos. Não tem nenhuma explicação. O Banco Central não dá nem explicação do porquê tem 13,75% (a taxa Selic). Nem o cálculo ele oferece, mesmo sendo solicitado. É um cálculo que atinge trilhões. Isso aí tem que ser aberto. Vejo de forma muito positiva esse questionamento sobre os juros, porque tem de ter o debate. O Banco Central tem de ter responsabilidade.
Tribuna – Por que a taxa de juros se mantém tão alta?
Félix Mendonça Júnior – Quando se fala em Banco Central independente, ele fica independente do Congresso, do presidente, do governo, mas ele está totalmente dependente do sistema financeiro. Então, é só esse conceito. Dizer que o Banco Central é independente é falso, porque ele é dependente ao sistema financeiro. E acho o seguinte: esse cálculo é feito para favorecer o sistema financeiro, e não os interesses do Brasil. Ao contrário, cada um por cento que sobe, são R$ 40 bilhões de custo ao ano. A taxa a dois anos atrás estava em 2%. Passou para 13,75%. Isso é um custo de R$ 450 bilhões ao ano. Em dois anos, consome toda a economia que foi feito da reforma da Previdência.
Tribuna – O senhor é a favor de rever a autonomia do Banco Central?
Félix Mendonça Júnior – A favor de rever a autonomia e de colocar também princípios, como a redução da dívida pública que está consumindo hoje mais do que 50% de todos os impostos arrecados no país.
Tribuna – Sobre a reforma tributária, que o senhor a defende há muito tempo, há chance de ser aprovada pelo Congresso?
Félix Mendonça Júnior – Gostaria muito. Acho que o governo não tem coragem de colocar. Nós vivemos em um manicômio tributário. Nenhuma empresa consegue sobreviver nesse sistema tributário que rege hoje no Brasil. Nós temos que simplificar em demasia para poder facilitar. Inclusive, para fiscalização. Hoje, as grandes empresas não pagam, o sistema financeiro não paga imposto. Tem que simplificar. Fazer a reforma tributária para que todos paguem e todos possam pagar bem menos.
Tribuna – Qual vai ser a posição do PDT na votação das medidas provisórias, a exemplo daquela que devolve o Coaf o Ministério da Fazenda e que o ex-presidente Jair Bolsonaro tinha transferido para o Ministério da Justiça?
Félix Mendonça Júnior – Vamos ser a favor. Foi movimento que Bolsonaro fez que fez sem explicação, sem movimentação. Fez por vontade pessoal.
Tribuna – O PDT atualmente se sente contemplado com os espaços que tem no governo federal?
Félix Mendonça Júnior – Não. Nós estamos com o Ministério da Previdência, que antigamente era Trabalho e Previdência. Temos uma grande responsabilidade. Mas nós vamos fazer um grande trabalho e todos podem ter consciência que o PDT vai melhorar em muito a vida dos aposentados.
Tribuna – Na sua avaliação, a reforma trabalhista precisa de algum tipo de revisão?
Félix Mendonça Júnior – Claro, precisa sempre ser atualizada, porque novos tipos de emprego surgem, novas formas de relações entre empregado e empregador. Isso tem que ser sempre revisado, facilitando dos dois lados. Facilitar quem quer ter acesso ao emprego e quem coloca a sua empresa contratando pessoas, gerando emprego e riqueza para a nação.
Tribuna – Em relação aos combustíveis, qual deve ser aí a política do governo para controlar os preços? O governo anterior não foi tão exitoso, a não ser quando retirou o ICMS.
Félix Mendonça Júnior – Primeiro, o governo não devia reonerar. Deveria manter a desoneração dos combustíveis. É um imposto que incide em tudo. É acumulativo. É sobre o produtor, no comércio, no turismo, na pecuária. É um imposto muito perverso o imposto sobre combustíveis. Então, não deveria voltar a oneração. Tem uma sede de arrecadar mais tanto o governo federal quanto o estadual.
Tribuna – O senhor deve ocupar a presidência de alguma comissão temática?
Félix Mendonça Júnior – É provável. O partido me escolheu como representante, mas não sabe ainda qual a comissão. Só saberemos nesta semana qual comissão que caberá ao PDT. Mas o partido me escolheu para representar. A depender da comissão, eu devo presidi-la.
Tribuna – O senhor tem preferência?
Félix Mendonça Júnior – Como a gente perdeu em número de deputados, a gente fez uma pedida, mas a ideia é estar entre as melhores, como tecnologia, comunicações. São muito boas. O que couber ao PDT, e estiver também dentro da minha linha que eu possa trabalhar, eu vou ficar. Senão, eu posso abrir mão também.
Tribuna – O senhor é relator do estudo da dívida pública na Câmara. Essas discussões em torno devem continuar ao longo de 2023?
Félix Mendonça Júnior – A gente vai finalizar esse caderno de estudos para poder oferecer à população, e aqueles que queiram, um estudo sério sobre a dívida pública. A partir daí, dá para fazer outros estudos, e um deles pode ser a relação dos juros junto ao Banco Central.
Tribuna – Na Bahia, quais são os planos do PDT para as próximas eleições? O PDT pretende lançar a maior quantidade possível de prefeitos para se fortalecer?
Félix Mendonça Júnior – Todo partido quer ter candidatos nos 417 municípios, com chance de vitória. Mas a gente sabe que isso é utopia. Então, nós vamos tentar movimentar o PDT e lançar os candidatos apenas onde tiver chances de eleição.
Tribuna – O PDT vai apoiar a continuidade de Ana Paula na chapa de Bruno Reis à reeleição?
Félix Mendonça Júnior – É uma possiblidade, mas antes disso tem a própria candidatura a prefeito. Não é uma coisa que passa automaticamente. Nós apoiamos na eleição passada e oferecemos uma vice. Vamos ver como vai se comportar nessa eleição. Nós tínhamos um candidato a prefeito na eleição passada. E até agora não tem. Todo o partido quer ter um prefeito, mas Ana Paula tem representado bem. Estamos muito felizes com ela. Se fosse hoje, eu diria que sim, apoiaríamos ela naturalmente. Mas como está muito distante ainda, muita coisa pode acontecer.
Tribuna – O que o senhor acha da pretensão do vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior, de querer ser candidato a prefeito de Salvador em 2024?
Félix Mendonça Júnior – Todo mundo tem seus desejos e aspirações. Eu vi também o PSB e o PSD devem lançar candidatos. Não sei quem será, se vai ser a própria Lídice. Quanto maior o número de candidato é o melhor que pode oferecer à população.
Tribuna – A eleição de 2024 será de muitas candidaturas, na sua avaliação?
Félix Mendonça Júnior – Se seguir as últimas eleições, vai ter uma quantidade razoável de candidatos. Mas termina polarizando em dois. Acho que deveríamos, em primeiro lugar, ouvir as ideias dos candidatos, as propostas para Salvador. Focar nos candidatos que têm a oferecer. Depois, no segundo turno, escolher o melhor. Se tiver segundo turno. Se vir a eleição que teve agora para o governo e presidente, é um debate polarizado, sem muitas ideias de trabalho, de indústria, de economia… Mas simplesmente a ideia da polarização, porque um não gosta A e vota em B. Não gosta em B e vota em A.
Tribuna – Há notícias de que o presidente Lula quer trazer a Ford novamente para a Bahia. O senhor acredita nisso?
Félix Mendonça Júnior – Depois que construírem a ponte [Salvador-Itaparica], eu vou até acreditar.
Tribuna – A ponte Salvador-Itaparica vai sair do papel no governo Jerônimo Rodrigues?
Félix Mendonça Júnior – Acho que não. Não vi nada concreto na ponte até hoje. Só propaganda em véspera de eleição dizendo que a ponte vai sair, que já foi assinado o contrato, que já está fazendo o estudo. Mas não tem nada de palpável, de concreto, eu vi. Essas conversas de que vão entrar a Ford, indústria de carro elétrico, a gente já ouviu há muito tempo. E nada acontece.