O PL quer que o mês de março marque “a grande estreia de Michelle Bolsonaro” no cenário político.
Com a liberação, na semana passada, do fundo partidário retido por ordem do Tribunal Superior Eleitoral desde novembro de 2022, quando o PL pediu a anulação de parte dos votos do segundo turno da eleição presidencial, o partido de Valdemar Costa Neto se prepara para colocar na vitrine a mulher do ex-presidente Jair Bolsonaro, agora presidente do PL Mulher.
Para evitar que o primeiro evento de Michelle seja eclipsado pelas comemorações marcadas pelo governo do PT para a semana do dia 8, Dia Internacional da Mulher, a data de estreia sugerida pela própria ex-primeira-dama foi o dia 22 de março, quando completará 41 anos.
As viagens de Michelle devem começar pela capitais do chamado “triângulo do voto”: São Paulo, Minas e Rio de Janeiro, estados que, juntos, concentram 42% do eleitorado brasileiro. Por ora, Michelle tratará de pautas femininas — o combate ao assédio sexual, por exemplo, já foi tema de vídeos gravados com o logo do PL nesse Carnaval—, além de acessibilidade e inclusão de pessoas com deficiência.
Os planos do PL, porém, são de estender a atuação de Michelle para a defesa de pautas conservadoras. Valdemar Costa Neto costuma dizer a interlocutores que “a grande vantagem” da ex-primeira-dama é de que ela “traz o eleitorado conservador sem trazer a rejeição” que vinha junto com Bolsonaro. Com o dinheiro do fundo partidário liberado, o PL pretende contratar pesquisas para avaliar a recepção eleitoral ao nome da mulher do ex-presidente, que corre o risco de se tornar inelegível pelo TSE já no próximo mês.
Ao contrário de Bolsonaro, o bolsonarismo saiu vitaminado das urnas na eleição de 2022. E ao contrário de 2018, quando elegeu sobretudo estreantes sem passado político nem partidos fortes, ele agora está solidamente incrustado na máquina pública dos governos estaduais e sedimentado em alianças construídas com profissionais da política — caso de Valdemar, cacique do PL. O bolsonarismo, ao menos como expressão de uma direita que sempre existiu no Brasil, não nasceu com Bolsonaro, não deve morrer com ele e nunca esteve tão estruturado.