Ex-membros do governo Bolsonaro têm feito críticas enfáticas de acordo com a colunista Bela Megale, ao comandante do Exército, o general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, que assumiu oficialmente o posto na última terça-feira.
A irritação maior se dá entre auxiliares do ex-presidente que participaram da campanha de 2022. Segundo relatos desses aliados, o general Tomás Paiva era visto por eles como um “nome de confiança” de Bolsonaro, que costumava fazer refeições e ter conversas frequentes com o ex-presidente quando este estava em agendas em São Paulo.
Procurada, a assessoria de imprensa do Exército disse à coluna que o general Tomás Paiva “mantinha uma relação meramente protocolar” com Jair Bolsonaro e que todos seus contatos com o então presidente foram quando estava à frente do Comando Militar do Sudeste. A assessoria de imprensa afirmou ainda que o general se limitou a fazer “o que qualquer comandante faria”.
Integrantes do governo passado relataram que, quando era presidente, Jair Bolsonaro se hospedava, durante as viagens para São Paulo, no conjunto residencial destinado a militares, localizado na região do Ibirapuera. No local há um apartamento reservado à hospedagem de autoridades que também pode ser usado por presidentes.
Como estava à frente do Comando Militar do Sudeste, o general Tomás Paiva morava no mesmo conjunto residencial. O militar costumava receber Bolsonaro quando ele aterrissava em São Paulo, no aeroporto de Congonhas. Essa recepção era função inerente ao posto, segundo a assessoria de imprensa do Exército.
O general Tomás Paiva assumiu o comando do Exército no lugar do general Júlio César Arruda, demitido após as invasões golpistas dos prédios dos Três Poderes. O ministro da Defesa, José Múcio, disse que a troca foi necessária porque houve uma “fratura de confiança”.
Arruda também resistia em revogar a designação do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, para comandar um batalhão do Exército em Goiânia. Cid foi escolhido para o posto durante a gestão anterior, mas só o assumiria em fevereiro. Ele é investigado em inquéritos que correm no Supremo Tribunal federal (STF).
Poucos dias antes de ser escolhido para ser o comandante do Exército, Tomás Paiva fez um discurso em defesa do “respeito ao resultado das urnas”. Essa foi a primeira manifestação pública de um comandante militar após os ataques de 8 de janeiro.