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sexta-feira 10 de fevereiro de 2023 às 06:08h

Lula e Biden: A Reconexão Brasil-Estados Unidos

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Nos últimos quatro anos, a afinidade ideológica e a paridade intelectual entre os ex-presidentes Donald Trump e Jair Bolsonaro criaram de acordo com artigo de Jaqueline Mendes, na revista IstoÉ, uma combinação explosiva que ia do Estreito de Bering ao Chuí. Sem exageros. Eles foram perigosos para o meio ambiente, colocaram em risco a política externa de ambos os países, e se tornaram ameaça letal para as minorias. Mas mesmo fora do baralho, seus legados resistem. A contenção a esses danos parece unir os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Joe Biden. Como líderes de duas das maiores economias das Américas (a dos Estados Unidos é a maior do mundo, Canadá vem em oitavo e o Brasil, em décimo, segundo o FMI), Lula e Biden planejam elaborar mecanismos de cooperação capazes de fortalecer a fiscalização contra o desmatamento e até criar políticas conjuntas de combate às fake news, veneno experimentado por eles tanto na invasão do Capitólio, em janeiro de 2021, quanto no ataque terrorista em Brasília, em 8 de janeiro deste ano. Lula pretende criar o que chama de Grupo da Paz, espécie de clube de grandes países comprometidos com um compliance nas relações internacionais. Essa é a extensa agenda prevista para o encontro entre os dois na sexta-feira (8), em Washington.

Na avaliação do economista Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do governo Lula, o grande tema do encontro é a defesa da democracia, as relações diplomáticas regionais, e haverá destaque também para assuntos de relevância comercial, como o fim das restrições impostas pelos americanos ao aço e ao alumínio produzidos no Brasil. “Eles terão de fazer um realinhamento sobre essas questões econômicas, e ainda aprimorar o alinhamento com outros países da América Latina, entre eles a Venezuela e alguns da América Central.”

Em 2022, apesar do clima pesado entre Bolsonaro e Biden, a corrente comercial foi recorde, muito em função dos embarques brasileiros de alimentos por causa da guerra na Ucrânia. As exportações no ano atingiram US$ 88,7 bilhões, segundo a câmara de comércio Amcham. O valor supera em 25% o montante do ano anterior. E se já foi bom com diferenças, agora pode melhorar. Segundo o economista-chefe da TM3 Capital, Lucas Dezordi, o mercado espera que as discussões atraiam investimentos no combate ao desmatamento e às mudanças climáticas, “o que no final pode resultar num maior fluxo de dólares e queda na taxa de câmbio”. Em 2024, Brasil e EUA completam 200 anos de relação e Lula deverá convidar Biden a visitar Brasília para marcar a data. Até lá, o plano é fortalecer os negócios e reconstruir o diálogo. Nisto, Lula e Biden são bem melhores do que seus antecessores.

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