Poucas horas depois de ser reeleito presidente da Câmara com a maior votação da história (464 votos), Arthur Lira (PP-AL) abriu a residência oficial em que mora, em Brasília, para receber amigos e políticos das mais variadas matizes ideológicas ontem à noite. Da esquerda à direita, passando por governo e Centrão, a lista de convidados dava conforme reportagem de Gabriel Sabóia , do O Globo, a medida do arco de alianças de 20 partidos que garantiu ao parlamentar alagoano a permanência no comando da Casa por mais dois anos. Lira é atualmente um dos políticos mais influentes do país.
Tendas foram montadas em torno da piscina para acomodar os presentes. Uma banda tocava músicas variadas para animar a tropa de congressistas que havia saído Congresso direto para o evento. Uísque, vinho e drinks eram servidos à vontade. Além dessas opções, chamava a atenção um barril personalizado, com “Lira” escrito na frente, que continha cachaça Cabaré para os que buscassem algo mais forte.
Um dos principais caciques do PP, partido que compõe o Centrão, Arthur Lira recebeu afagos desde o momento em que chegou. O ministro das Relações Institucionais e responsável pela articulação com o Congresso, Alexandre Padilha, fez o dever de casa e foi dar um abraço no presidente reeleito com o apoio do Palácio do Planalto.
— Pode contar comigo — reforçou o ministro a Lira, diz O Globo.
A ministra do Turismo e deputada licenciada, Daniella do Waguinho (União-RJ), saiu-se com um suscinto “obrigada por tudo”, sem expor a que se referia. Perto dela, crítica ferrenha do Centrão, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) não escondeu o entusiasmo ao cumprimentar o anfitrião com um beijo no rosto:
— Meu amigo — exclamou Jandira.
Correligionária de presidente da Câmara, a governadora interina do Distrito Federal, Celina Leão, também esteve no local. Representantes da bancada evangélica, que engrossaram as fileiras da base de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro ao lado de Lira, marcaram presença. Dessa ala, apareceram nomes como o Marcos Pereira (Republicanos-SP), eleito primeiro vice-presidente da Câmara ontem, e Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Festa vizinha
Não foi só Arthur Lira e seus aliados que saíram do Congresso para confraternizar. A cerca de oito quilômetros da residência oficial do presidente da Câmara, deputados e senadores — muitos deles haviam tomado posse horas antes — curtiram uma festa num clube da capital até de madrugada. Adversários durante a CPI da Covid-19, os senadoreres Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e Omar Aziz (PSD) foram dois dos que apareceram. Aliado de Lira, o deputado Dr. Luizinho (PP-RJ) preferiu comemorar mais quatro anos de mandato no evento com colegas.
Um buffet contava com salmão defumado, carpaccio, estação de massas, pães, frios e risotos. Para beber, os drinks e os rótulos de uma famosa vinícola nacional fizeram sucesso. Os diferentes políticos questionados pelo jornal O Globo sobre quem bancou o evento disseram que tratou-se de uma “vaquinha”. Nenhum deles declinou, porém, quanto desembolsou.