A indústria da transformação encerrou o ano de 2022 com recuo do faturamento e da utilização da capacidade instalada (UCI), aponta pesquisa Indicadores Industriais, divulgada nesta quinta-feira (2) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). O levantamento mostra, no Estadão, um avanço no número das horas trabalhadas na produção, da massa salarial real e do rendimento médio do trabalhador.
No fechamento do ano de 2022, os resultados são positivos para a indústria, com expansão de cinco dos seis indicadores monitorados na comparação anual. Apenas a UCI registrou queda no ano. Segundo a CNI, entre os principais fatores que contribuíram para esse avanço no ano passado estão a reorganização gradual das cadeias de suprimentos, a desaceleração inflacionária e a recuperação do mercado de trabalho, associada à atividade econômica mais aquecida.
“O avanço acontece a despeito das taxas de juros crescentes, que seguem impedindo um avanço mais expressivo da atividade industrial”, destaca a entidade.
“O encerramento do ano de 2022 traz resultados positivos para a indústria de transformação, mas não são resultados a serem comemorados, tendo em vista que em alguns casos apenas recuperam perdas sofridas em 2021 e estão associados a uma perspectiva de estabilidade para a produção industrial do ano”, diz a economista da CNI, Larissa Nocko.
Os Indicadores Industriais apontam que o faturamento real recuou em dezembro 0,4% em relação a novembro de 2022, na série livre de efeitos sazonais. Apesar da variação negativa, o faturamento ainda é o segundo mais alto desde 2015. No acumulado de janeiro a dezembro de 2022 frente ao mesmo período de 2021, o faturamento teve alta de 2,8%.
Com relação às horas trabalhadas na produção, elas terminaram o ano de 2022 em alta, com crescimento de 0,6% em dezembro em relação a novembro, na série livre de efeitos sazonais. Na comparação anual, houve crescimento de 2,7% das horas trabalhadas no ano passado.
O emprego industrial permaneceu estável em dezembro, com ligeira variação de 0,1% ante novembro. Esse foi o segundo mês de estabilidade, “reforçando a acomodação do ritmo de crescimento do emprego, que teve sucessivas altas entre o segundo semestre de 2020 e o segundo semestre de 2022”. No acumulado de janeiro a dezembro de 2022, o emprego fechou com alta de 1,5% ante igual período de 2021.
A massa salarial também avançou em dezembro de 2022, com alta de 0,3% em relação a novembro. De acordo com dados da CNI, ao longo do ano passado, foram nove altas, o que confere trajetória crescente à massa salarial. No acumulado de janeiro a dezembro do ano passado, houve crescimento de 3,7% na massa salarial na comparação com igual período de 2021.
O rendimento médio real dos trabalhadores da indústria teve avanço de 0,8% em dezembro em relação ao mês anterior. No acumulado de janeiro a dezembro, o avanço foi de 2,1%.
Com relação à Utilização da Capacidade Instalada (UCI), houve um recuo em dezembro de 0,6 ponto porcentual em relação ao mês anterior, encerrando o ano em 79,4% na série livre de efeitos sazonais. Ao longo do ano passado, a série apresentou tendência de queda gradual, mas permaneceu acima do patamar registrado entre 2016 e 2019. Na comparação com dezembro de 2021, o indicador apresenta recuo de 2,1 ponto porcentual.