Luiz Fernando Guimarães esteve no Roda Viva nesta segunda-feira, 23, e soltou o verbo a respeito da colega Cássia Kiss, que conheceu nos bastidores da TV Globo. O ator falou, ao vivo, que não reconhece mais o comportamento da atriz. “Eu não sei se a pessoa está louca, não sei o que passou pela cabeça dessa pessoa”, declarou.
O caso traz algumas reflexões, como o momento em que a fala foi feita. É da etiqueta corporativa falar mal de um colega de trabalho? Especialistas procurados pela Istoé Dinheiro dão exemplos do que fazer e como falar ao chefe – e vice e versa – sobre insatisfações e queixas dos colegas.
Vale dizer que, quando se trata de uma situação de ofensa – como homofobia, racismo, entre outras -, o funcionário deve procurar os canais de escuta da empresa com esse foco, sendo um departamento de diversidade ou canais de compliance.
Veja abaixo algumas situações:
Situação: Reunião de trabalho
Pode falar mal? Não é aconselhável.
Por quê? Os especialistas defendem que reuniões são espaços para trocas e alinhamentos. “Se há um ponto de desalinhamento, sempre levar com dados e fatos para que seja discutido e resolvido. Invariavelmente, pode haver situações em que um funcionário ou uma área impacte no seu resultado por alguma razão”, explica Bruno Duarte, especialista em Recursos Humanos e Gestão de Pessoas na Escola do RH.
O mesmo é defendido por Gislaine Trindade, Diretora de RH da Lupin/MedQuímica. “O ideal é se alinhar antes. Se precisar expor, faz parte da ética: continuar sendo transparente, falando do processo e não da pessoa em si”, afirma.
Situação: Reclamação ao RH
Pode falar mal? Sim, com ressalvas.
Por quê? O RH é a área da empresa responsável por acolher todas as tratativas. “Sempre evitar adjetivar o alvo da reclamação, levando o que está ocorrendo e como está te incomodando. É importante também pensar se sua reclamação é algo definitivo (que você não quer mais repactuar, como pedir para sair de uma área) ou é algo que você queira conciliar”, diz Duarte.
Em ambos os casos, o funcionário não deve “falar mal”, mas ilustrar o que está acontecendo e, mais uma vez, como o caso impacta a vida desse colaborador.
Situação: Chamada da direção para explicar resultado
Pode falar mal? Não.
Por quê? “Se o funcionário é chamado para explicar algum resultado que não foi bom, vale levar dados de histórico, algum problema que ocorreu, seja com clientes ou fornecedores, para argumentar e suportar uma narrativa que explique o motivo, mas sempre assumindo responsabilidade.” Vale sempre levar um argumento que explique, e não que justifique, orienta Kelly Guarnier, professora de gestão de pessoas do Ibmec RJ.
Se a chamada for ofensiva, e a forma como foi dita não agradou, ambas partes podem construir melhor um diálogo em um acordo.
Situação: Lanchonete da firma
Pode falar mal? Nunca.
Por quê? O ditado “as paredes têm ouvidos” é muito certo quando se fala de espaços de café/lanche/descompressão das empresas.
“Sempre haverá alguém ouvindo (e levando adiante). Precisa desabafar? Vá na rua com um colega, desabafe e volte. Aborde no trajeto casa-empresa, mas não utilize espaços de descompressão”, recomenda Duarte.
Situação: Festa da firma
Pode falar mal? Não.
Por quê? “A festa é uma extensão do dia de trabalho: o funcionário está ali pois trabalha nesse local. Portanto, as dicas de ouro seguem da mesma forma”, explica Gislaine.
Kelly salienta que confraternizações e festas da firma são momentos em que se relembram situações do ano, relembrando o que ocorreu de positivo e até mesmo negativo. “Nesta situação, pode haver consumo de álcool, e os colaboradores podem falar coisas das quais se arrependam; e quem ouve pode passar a informação adiante na mesma situação, correndo risco de expor o colega”, finaliza.
Redes sociais
Pode falar mal? Não.
Por quê? “[O funcionário] falando mal da empresa nas redes sociais acaba se expondo muito mais do que expondo a própria empresa”, argumenta Duarte.
Portanto, evite falar de trabalho nas redes sociais particulares e, se quiser fazer, exalte o positivo. Utilize o LinkedIn para trocar experiências, fazer networking e ver outras oportunidades.