O atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), soma mais votos declarados em sua tentativa de reeleição do que seu principal adversário na disputa, Rogério Marinho (PL-RN), de acordo com o Placar Estadão. Na última semana, a reportagem consultou todos os 81 senadores que irão compor a próxima legislatura, entre eleitos e reeleitos. Pacheco tem 22 votos e Marinho, 13. As informações são de Adriana Ferraz, Vera Rosa, Davi Medeiros, Natália Santos, Samuel Lima e Isabella Alonso Pan, do Estadão.
Eduardo Girão (Podemos-CE) também se apresenta segundo publicação, como candidato, e, por enquanto, tem apenas o próprio voto. A maior parcela dos parlamentares ainda aguarda reuniões de bancada para se posicionar publicamente na disputa. A eleição que vai escolher a cúpula do Congresso para o biênio 2023/2025 está marcada para o dia 1.º de fevereiro.
Bancadas
Segundo relatos colhidos pelo Estadão, aliados do atual presidente do Senado acreditam que hoje ele tem, potencialmente, perto de 40 votos – são necessários 41 para vencer a disputa em primeiro ou segundo turno. O número equivale à soma dos senadores de PSD, MDB, PT, PSDB, PDT, PSB e Rede, legendas que devem confirmar apoio ao nome de Pacheco.
Na avaliação de parlamentares ouvidos pela reportagem, os ataques do dia 8 em Brasília fortaleceram a candidatura à reeleição porque o discurso de radicais do bolsonarismo atingiu o Congresso institucionalmente e se tornou um obstáculo para o avanço da candidatura de Marinho, ex-ministro do Desenvolvimento Regional de Jair Bolsonaro.
Como mostrou o Estadão, a corrida pelo Congresso ganhou contornos de terceiro turno da eleição presidencial, opondo Pacheco, que tem tido sua imagem associada a Lula, e Marinho, ligado a Bolsonaro. O tema tem mobilizado as redes sociais, sobretudo por empenho de apoiadores do ex-presidente.
Aliados do presidente do Senado dizem que defensores do golpe e do impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal estão representados na candidatura de Marinho. Na prática, o discurso do ex-ministro de Bolsonaro é o mesmo da campanha do ex-presidente. Na outra ponta, Pacheco defende programas de Lula, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida.
“Pacheco teve nos últimos dois anos uma postura muito equilibrada. Defendeu a lisura das urnas e combateu com coragem os ataques à democracia. Isso foi essencial diante de um presidente incendiário”, declarou o senador Otto Alencar (PSD-BA).
Rogério Carvalho (PT-SE) disse confiar em uma votação ampla para Pacheco. “Terá mais de 55 votos”, afirmou o parlamentar. O ex-presidente da Casa Renan Calheiros (MDB-AL), também aliado do senador do PSD, falou em eleição “tranquila”.
Divisão
O placar mostra, porém, que há partidos divididos, como o União Brasil e o Podemos, e outros que tendem a fechar com Marinho, como o próprio PL, o Republicanos e o PP, partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Nos bastidores, porém, uma ala do PP já admite votar em Pacheco.
Ciente de uma possível traição, uma vez que o voto é secreto, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que o partido – que possui a maior bancada na Câmara dos Deputados, de 99 parlamentares – só apoiará Lira – que busca a recondução ao comando da Casa – se o PP aderir oficialmente à campanha de Marinho.
“Vamos nos reunir na próxima terça-feira para tratar desse assunto”, afirmou o senador Esperidião Amin (PP-SC), diante da resistência de parte dos colegas em seguir com a candidatura de Marinho. “A política é muito mais complexa do que a aritmética.”
“Vamos nos reunir na próxima terça-feira para tratar desse assunto. A política é muito mais complexa do que a aritmética”
Esperidião Amin (PP-SC),senador
Ministros
Os cinco senadores que se tornaram ministros de Estado deverão participar da eleição do Congresso e só depois deixarão a legislatura. Renan Filho (MDB-AL), novo ministro dos Transportes, declarou voto em Pacheco.
Camilo Santana (PT-CE), titular da Educação do governo Lula, afirmou que acompanhará o voto do PT, que deve formalizar apoio à reeleição do atual presidente do Senado na próxima semana, depois de uma reunião marcada para o dia 26 no gabinete do senador Fabiano Contarato (PT-ES), líder da sigla na Casa.
Carlos Fávaro (PSD-MT), ministro da Agricultura, Flávio Dino (PSB-MA), titular da Justiça e Segurança Pública, e Wellington Dias (PT-PI), do Desenvolvimento Social, não se manifestaram.