No dia em que completou 65 anos, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, reforçou conforme a Bernadete Druzian, da Folha de S. Paulo, que a gestão da saúde será pautada pelo diálogo com a sociedade na busca de soluções para as questões mais prementes, principalmente aos mais carentes, sempre com embasamento científico na construção da política pública de saúde.
A ministra falou sobre as prioridades e ações emergenciais em entrevista a Roberto D’Avila, na GloboNews, na segunda-feira (17). Contou que o convite do presidente Lula para comandar a pasta seguiu a proposta do governo para renovação dos ministérios privilegiando as mulheres.
Sensibilidade e preocupação com os mais pobres foram os requisitos citados por Lula para a escolha, segundo Nísia.
Em pouco mais de duas semanas à frente do Ministério da Saúde, o que mais tem preocupado a ministra é a desestruturação das relações com a sociedade e a falta de informações sobre a situação operacional, como estoques de vacinas, medicamentos, as ferramentas necessárias para o trabalho imediato.
“Há um vácuo no Ministério da Saúde e também em outras áreas. Há muita desestruturação de programas, como o Mais Médicos, de vacinação, na área da saúde mental. Nós sabemos que existe um grande número de vacinas com vencimento próximo, risco de desabastecimento de medicamentos. Vamos avançar à medida que tivermos acesso a esses dados”.
A ministra destacou que está elaborando um plano nacional de saúde, que terá as metas detalhadas na próxima semana, incluindo o Programa Nacional de Imunização reestruturado, com enfoque na atualização da vacinação tanto para as crianças como para a população adulta.
“Estamos reestruturando o Programa Nacional de Vacinação com apoio de um Comitê Técnico Assessor. A discussão científica é fundamental para termos as melhores evidências disponíveis”, disse a ministra.
As filas no SUS (Sistema Único de Saúde) estão no foco de um plano emergencial para acelerar a realização de cirurgias eletivas utilizando a estrutura da rede, mas também com apoio do setor privado e instituições filantrópicas. O objetivo é intensificar os procedimentos em todo o país, com ações diferenciadas conforme as necessidades de cada região, explicou Nísia.
PPPs e comunidade acadêmica
As PPPs (parcerias público-privadas) e o conhecimento desenvolvido nas universidades também serão estimulados para aperfeiçoar a capacidade produtiva no âmbito da saúde e reduzir a dependência tecnológica internacional no desenvolvimento de vacinas e fármacos.
A ministra frisou que em todas as áreas, em especial à saúde da mulher, atenção integral à saúde da população negra, dos povos indígenas, haverá um trabalho conjunto com outros ministérios para identificar os principais agravos desses grupos e atuar no foco dos problemas.
Nísia Trindade também falou da necessidade de olhar para as experiências em curso em outros países e avançar na realidade da saúde brasileira. Um dos exemplos citados é o uso da Cannabis medicinal – já adotado em vários países – para tratamentos de epilepsia, Alzheimer e síndromes congênitas em crianças, que melhoram a qualidade de vida com impacto especialmente para as mães.