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segunda-feira 2 de janeiro de 2023 às 12:57h

Rui assume Casa Civil, acusa uso de obras incompletas e promete entrega

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O ex-governador baiano tomou posse como ministro chefe da Casa Civil petista, um dos principais cargos de confiança da presidência, nesta manhã de segunda-feira (2) no salão nobre do Palácio do Planalto, com discurso em prol da união do país, sintonizado com Lula, e promessa de obras atrasadas desde o governo Dilma Rousseff (PT).

Em encontro com chefes de Estado durante todo o dia, o presidente Lula não participou da cerimônia. Ciro Nogueira (PP), ministro chefe da Casa Civil do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), também não apareceu, informa Lucas Borges Teixeira, UOL.

De início, Rui prometeu agendar, já na semana que vem, uma reunião com cada um dos outros 36 ministro para entender a situação de cada pasta.

Vamos definir as prioridades. Quem tem muita pressa e ansiedade para ter casa para morar: o programa Minha Casa, Minha Vida, que o Lula já anunciou que vai retomar. Temos centenas de casas prontas, com 95%, 98% [de conclusão]. Casas prontas desde o governo Dilma e não foram habitadas ainda. Isso é inadmissível e elas serão todas habitadas ainda no primeiro semestre deste ano. Todas.”

Rui Costa, ministro chefe da Casa Civil

Ele explicou que algumas faltam acesso, os prédios estão prontos, mas não há uma entrada ou um caminho por via pública. Já outros estão com estrutura completa, mas não tem alguns detalhes que impossibilitam moradia, como portas.

Segundo ele, a equipe de transição identificou que obras foram “deletadas dos arquivos” como completas, quando, na verdade, ainda estão em construção.

Eles trabalharam com o conceito seguinte, no convênio de uma escola com o município: ‘o governo federal faz a sua parte, depositou na conta 100% do convênio’. Se a obra foi ou não concluída, depois que venceram os prazos, eles simplesmente transferiram para a tomada de contas e diz que isso não era obra mais para ser acompanhada e pronto. Não é que deu como concluída, diz que já deu o recurso.”

Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil

“Como se o governo federal dissesse: aquela creche que está com 70% de execução, como a responsabilidade é do prefeito, não é mais minha, apaga do sistema e passa a ser responsabilidade do prefeito”, explicou.

O problema, ele avalia, é que, com a obra parada, os valores transferidos não permitem mais a conclusão porque, com a inflação, os valores transferidos pelo governo federal já não correspondem aos atuais.

“Na época, se uma escola custava R$ 4 milhões, hoje custa R$ 8 milhões. A creche está com telhado, está com porta. Não adianta você dizer para ele [o prefeito] que tem R$ 2 milhões lá. Ele não vai ter R$ 3 milhões para botar a mais”, argumentou.

As prioridades iniciais serão de retomada do Brasil. Sair desse momento de paralisia completa. Nem mesmo sabemos quantos obras no Brasil estão paralisadas. Cada um tem um número, nem o próprio ministério de cada pasta consegue precisar quantas obras temos paralisadas hoje. Isso é demonstrações do caos que estamos recebendo.

Rui Costa, ministro chefe da Casa Civil

“Nós buscaremos um diálogo intenso com o setor produtivo e com a sociedade. A orientação do presidente Lula é discutir todos os fatores econômicos e sociais. A retomada de um país que vai crescer dialogando”, completou Rui, que insistiu em falar em união do agronegócio com agricultura familiar.

“Não são antagônicos”, disse. “Fizemos isso na Bahia. Trabalharemos também para unir o setor agrícola brasileiro.”

O povo brasileiro votou no Lula porque quer paz. Vocês viram o novo lema ontem [1º], “União e reconstrução”: essas serão as duas palavras que sintonizarão esse governo. Unir o Brasil, unir os diferentes. Unir não significa anular as ideias diferentes, significa buscar sínteses.”

Rui Costa, ministro chefe da Casa Civil

Junto a Rui, sua esposa, e o seu grupo político na Bahia: os senadores e ex-governadores Jaques Wagner (PT-BA) e Otto Alencar (PSD-BA) e o governador Jerônimo Rodrigues (PT). Entre os convidados, grande parte dos 37 ministros empossados ontem.

Rui também oficializou a nomeação da ex-ministra do Planejamento Miriam Belchior como secretária-executiva da pasta, a número 2 do ministério.

Não é obrigatório que ministros participem da transmissão de cargo, mas é considerado de bom tom

Bolsonaro, por exemplo, não passou a faixa a Lula — o que é muito mais atípico — e Paulo Guedes, ex-ministro da Economia, não foi à cerimônia de Fernando Haddad (PT), novo ministro da Fazenda, também nesta manhã.

Rui tem perfil discreto, mas é tido dentro do PT como gestor eficiente e um bom “apagador de incêndios”

Sem ser afeito a dar entrevistas polêmicas nem ser visto em fotos de jantares, pessoas próximas dizem que seu poder está nos bastidores.

Fiel a Lula, próximo da presidente petista Gleisi Hoffmann (PT) e com um histórico de vitórias políticas, é também um dos nomes cotados pelo presidente petista a fazer sua sucessão em 2026. Seu nome chegou a ser cogitado em 2018, mas Haddad acabou como escolhido.

Rui também capitaneou grande poder político na última eleição

Ganhou as duas eleições ao governo baiano (2014 e 2018) no primeiro turno. Na reeleição, perdeu em apenas 3 dos 417 municípios do estado.

Neste ano, junto a Wagner, também conseguiu fazer seu ex-secretário como sucessor também em primeiro turno, em uma virada improvável em relação ao ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), que despontava sozinho nas pesquisas.

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