No dia 29 de outubro de 1945, Getúlio Vargas foi deposto do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, numa ação conduzida pelo general Góis Monteiro. Para alguns críticos do líder gaúcho, começava naquele momento o declínio político do homem que havia governado o país por 15 anos ininterruptos.
Apeado do poder, Getúlio pegou um avião do Rio de Janeiro, conforme o Agenda do Poder, e voo para a sua cidade natal, São Borja (RS). Durante o trajeto, seu sobrinho Serafim Dornelles quis saber o que o tio faria dali para frente.
“Sou uma peça que foi movida da posição que ocupava, e eles pensam que vou permanecer onde colocaram”, afirmou. “É o grande erro deles. Não sabem que vamos começar novo jogo e com todas as pedras de volta ao tabuleiro.”
Cinco anos depois, mostrou que estava certo. Foi eleito presidente pelo PTB com 47,7% dos votos, ante o brigadeiro Eduardo Gomes (UDN), com 29,7%, e Cristiano Machado (PSD), com 21,5%. Não havia segundo turno nesse período.
Pela primeira vez na história da República brasileira, alguém reconquistava o cargo máximo do país depois de um hiato longe do Poder Executivo. O feito só se repete agora, com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que volta ao Palácio do Planalto depois de ter governado de 2003 a 2010.