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Governador de Santa Cruz, Luis Fernando Camacho foi preso após decisão judicial - Foto: Getty images
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quinta-feira 29 de dezembro de 2022 às 08:25h

Por que governador do Estado mais rico da Bolívia foi preso

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O Ministério Público da Bolívia confirmou nesta quarta-feira (28/12) a prisão do político de direita Luis Fernando Camacho, governador do departamento de Santa Cruz, o mais rico do país, desde 2021 e forte opositor do atual presidente, Luis Arce.

Camacho foi transferido para a capital do país, La Paz, após sua prisão em Santa Cruz de la Sierra.

O governador está sendo investigado por seu suposto envolvimento em uma suposta conspiração durante os protestos de 2019 que forçaram o então presidente Evo Morales a renunciar.

Morales disse no Twitter que, depois de três anos, Camacho finalmente “responderá pelo golpe que levou a roubos, perseguições, prisões e massacres do governo de fato”.

O ex-presidente é considerado um mentor do atual presidente Arce, ambos pertencem ao partido de esquerda MAS, enquanto Camacho lidera a aliança de oposição de direita Creemos.

A equipe do governador Camacho divulgou um comunicado dizendo que as redes sociais serão usadas para fornecer “informações oficiais” e passou a usar a hashtag #liberenaCamacho.

A imprensa local noticiou protestos em Santa Cruz pela prisão de Camacho, que geraram confrontos entre a polícia e os manifestantes.

Os apoiadores de Camacho descreveram a prisão como um sequestro; enquanto isso, o procurador-geral boliviano afirmou que o detido sabia das acusações contra ele há várias semanas, segundo informações da imprensa local.

Luis Fernando Camacho

Luis Camacho mantém oposição ao governo boliviano CRÉDITO,GETTY IMAGES

O Departamento de Santa Cruz, onde fica a cidade de Santa Cruz de la Sierra, a maior e populosa da Bolívia, é o motor econômico do país. Em 2020, respondeu por cerca de 30% do PIB boliviano (Produto Interno Bruto, ou soma de bens e serviços produzidos no país).

O que aconteceu em 2019?

Em novembro daquele ano, o então presidente Evo Morales passou de se declarar vencedor das eleições a denunciar um golpe e renunciar à presidência boliviana em menos de três semanas.

O país enfrentava uma profunda crise política que teve seu estopim em 20 de outubro nas eleições presidenciais, nas quais Morales esperava ser reeleito pela terceira vez.

Apoiadores de Luis Fernando Camacho descreveram a prisão como sequestro – Foto: EPA

Naquela noite, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) suspendeu inesperadamente a contagem rápida com 83% apurados e com tendência que apontava para um segundo turno entre o ex-presidente boliviano e o candidato da oposição, Carlos Mesa.

No dia seguinte, a apuração, chamada de Transmissão Rápida de Resultados Preliminares (TREP), foi reativada com 95% das urnas apuradas e com Morales vencendo no primeiro turno por estreita margem.

As suspeitas levantadas pelas estranhas movimentações do TSE levaram a oposição a alegar “fraude flagrante”.

Até as missões de observação da Organização dos Estados Americanos (OEA) e da União Europeia pediram por um segundo turno.

Mas Morales insistiu que havia vencido a eleição e, em resposta aos protestos da oposição, convocou seus partidários a “defender a democracia” nas ruas e impedir um “golpe”.

Claro, ele também aceitou que a OEA auditasse o escrutínio.

A OEA determinou que era estatisticamente improvável que Morales tivesse vencido pela margem de 10% necessária para evitar um segundo turno nas eleições.

A organização também garantiu que encontrou registros físicos com alterações e assinaturas falsificadas. Em um relatório de 13 páginas, a OEA apontou que em muitos casos a cadeia de custódia dos registros não foi respeitada e que houve manipulação de dados.

Morales respondeu com uma declaração à imprensa na qual, sem mencionar a OEA e sem indicar a data, convocou novas eleições.

Mas poucas horas depois, e com a pressão das Forças Armadas contra ele, renunciou e deixou o país.

Jeanine Áñez, advogada e militante do então partido de oposição Plan Progreso para Bolivia Convergencia Nacional, assumiu a presidência interina.

Um ano depois, eleições foram convocadas e o atual presidente, Luis Arce, eleito.

Em junho deste ano, Áñez foi condenada a 10 anos de prisão após ser considerada culpada pelos crimes de “descumprimento de deveres” e “resoluções contrárias à Constituição”.

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