Agentes do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) que atuavam na segurança da posse do ministro Bruno Dantas na presidência do TCU (Tribunal de Contas da União), na manhã de quarta-feira (14), se retiraram do local antes do fim do evento e geraram um novo episódio de mal-estar com a equipe de segurança do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O GSI é um órgão ligado à Presidência da República e atualmente é comandado pelo general Augusto Heleno —um dos ministros mais próximos de Jair Bolsonaro (PL).
O gabinete trabalhou na segurança do TCU porque estava prevista a participação do vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos). Agentes do gabinete atuaram na revista de convidados com pórticos de detecção de metal.
Quando foram informados de que Mourão havia cancelado sua presença, os agentes do GSI desmontaram os pórticos e se retiraram do local.
Apesar da ausência de Mourão, participaram da solenidade Lula, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), ministros do governo Bolsonaro e diversos integrantes do STF (Supremo Tribunal Federal), entre outras autoridades.
De acordo com integrantes da transição que acompanharam o ocorrido, a saída repentina do GSI da corte foi criticada pela segurança de Lula, que se viu obrigada a substituir os detectores de metal para dar continuidade à revista de convidados ao ato.
Apesar disso, integrantes da equipe comandada pelo delegado Andrei Passos Rodrigues —indicado por Lula para ser o novo diretor-geral da Polícia Federal— disseram que não houve prejuízos à proteção do presidente eleito.
Procurado pela Folha, o GSI disse que desmobilizou seus agentes após o cancelamento da ida de Mourão à sede do tribunal. “O GSI, no cumprimento de suas atribuições legais, realizou os procedimentos de segurança previstos para viabilizar a presença do vice-presidente no local”, disse o gabinete, em nota.
“Tendo sido cancelada a participação da autoridade, a equipe do GSI foi desmobilizada, já que não lhe cabia realizar, conforme a legislação vigente, a segurança da solenidade nem de qualquer outra autoridade presente.”
O TCU disse que “é de praxe a atuação do GSI nas cerimônias oficiais do tribunal quando presidente da República e vice-presidente da República são convidados”. “O GSI se retirou após confirmação de que essas autoridades não estariam presentes na posse”, afirmou a corte de contas.
O episódio desta quarta no TCU não foi o primeiro atrito entre o GSI e a equipe de segurança de Lula.
Em novembro, a segurança do petista descartou a participação do GSI no CCCB (Centro Cultural Banco do Brasil), sede do governo de transição. Policiais federais foram surpreendidos com a chegada ao local de cerca de 30 agentes do gabinete, que afirmaram que estavam no CCBB para ajudar no esquema de proteção.
O comando da equipe do petista, então, conversou com os integrantes do GSI e informou que não seria necessária a permanência deles —especialmente nas áreas onde o presidente eleito frequentaria.
De acordo com a lei, o GSI não participa da segurança do presidente eleito e passa a atuar somente após a posse. Mas o gabinete pode ser acionado em caso de necessidade, sempre a pedido da equipe do vencedor do pleito —o que ainda não ocorreu.
De acordo com pessoas ligadas a Lula, os servidores do GSI serão chamados para integrar o grupo de segurança antes da posse caso haja necessidade.
Sem o GSI, Lula segue com a mesma equipe de segurança que o acompanhou durante a corrida presidencial. Fazem parte do time policiais federais sob o comando do futuro diretor-geral da corporação e agentes treinados pelo GSI —algo que ele tem direito por ser ex-presidente.