Com um Orçamento gordo —previsão é de R$ 12,2 bilhões, segundo o senador Marcelo Castro (MDB-PI)—, a pasta tem atraído olhares de não aliados. Resta saber quem será contemplado. As informações são de Camila Turtelli, Eduardo Militão, Leonardo Martins e Lucas Borges Teixeira, do UOL.
Partidos do centrão poderiam ser “acomodados” nesse desmembramento. Segundo aliados do governo eleito, com isso, eles acabariam colaborando com a base de Lula no Congresso.
O PT está atualmente com dificuldades para reunir os 257 votos necessários para a aprovar a PEC da Transição, que deve dar condições para o governo começar seu mandato, cumprindo minimamente suas principais promessas de campanha.
Fora o centrão, o PSD, partido que apoia parcialmente Lula desde o primeiro turno, é um dos interessados na vaga, por meio do senador Alexandre Silveira (PSD-MG).
Já cotado para Cidades, ele poderia compor uma das duas ou três vagas pensadas para o partido no novo governo —há quem diga, no entanto, que são pastas demais para poucos votos no Congresso.
Outro partido de centro-direita que entrou em negociação foi o União Brasil. O presidente Luciano Bivar tem conversado diretamente com a presidente petista Gleisi Hoffmann uma possível entrada no governo.
Caso as negociações avancem, o partido estima ficar com duas vagas:
- Uma para o Senado, a cargo de Davi Alcolumbre (União-AP),
- Outra para a Câmara, a cargo de Elmar Nascimento (União-BA).
Nascimento é um dos cotados para o Ministério de Minas e Energia, considerado estratégico para o PT, que também quer a pasta. O senador eleito Renan Filho (MDB-AL) é outro interessado.
PEC como chave. A escolha dos ministérios já está sendo impactada pela votação da PEC da Transição na Câmara.
Ontem, Lula se reuniu com o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira (PP-AL), no hotel em que está hospedado, em Brasília. Lira não se opõe ao avanço da PEC, mas não deve liderar a articulação para aprovação do texto.
Com um pouco mais de entraves que o PT esperava, a proposta que possibilita estourar o orçamento para garantir projetos sociais pode emperrar, se não houver sucesso nos acordos.
Entre os pontos de atenção, está o julgamento do Orçamento Secreto pelo STF (Supremo Tribunal Federal), algo que traz apreensão ao Congresso e visto como delicado pelo governo —tanto que aliados tentam ao máximo desvincular a votação de Lula, que, de fato, na tem a ver, mas sempre foi crítico à manobra.
Xadrez político. Se cumprir as promessas de campanha —algo que está sendo repensado pelo futuro presidente—, o novo governo terá pelo menos 33 pastas. Entre a composição, os partidos esperam:
- 10 a 12 ministérios para a federação PT-PCdoB-PV;
- Até 10 para os partidos que compuseram aliança (PSB, PSOL, Rede, Solidariedade, Pros, Avante e Agir);
- 3 ou 4 para o MDB;
- 2 ou 3 para o PSD;
- 2 para o União Brasil.