O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira (13) que o Brasil precisa avançar na elaboração de uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) de forma a fazer frente a um sistema de interação digitalizado global, ao mesmo tempo em que deve estimular a descentralização da custódia de ativos digitais.
“Se a gente entende que, no final das contas, os ativos vão ser ‘tokenizados’ e, olhando o balanço dos bancos, ativos e passivos podem se transformar em ‘token’, a gente vai precisar de uma moeda para fazer frente a esse novo sistema de interação”, disse Campos Neto em seminário sobre segurança digital e proteção de dados promovido pelo Poder360, referindo-se a práticas que vêm sendo adotadas globalmente.
Segundo o presidente do BC, a autarquia pretende se desviar da tendência de “expulsão do mundo digital” que vem sendo vista em alguns países, que têm buscado proibir bancos de ter custódia de ativos digitais.
“A gente acha o contrário; a gente acha que não só não tem que proibir os bancos de ter custódia digital, tem que estimular os bancos a ter custódia digital”, afirmou Campos Neto, argumentando que a concentração de custódia em poucas instituições intermediárias eleva riscos financeiros.
“Isso vai trazer o mundo… das finanças descentralizadas para próximo da regulação, e não para longe, que é o que alguns outros países estão fazendo.”
Ele disse acreditar que os pagamentos transfronteiriços melhorariam com um real digital, mas ponderou que a internacionalização do Pix também poderia desempenhar essa função.
Campos Neto disse haver grande interesse de bancos centrais internacionais no Pix, com expectativa de que processos de colaboração entre Brasil e outros países aconteçam de forma mais rápida na América Latina, mas também com procura crescente por parte de nações africanas.
Campos Neto disse que o Banco Central planeja iniciar um piloto fechado de moeda digital em 2023, com participação de apenas algumas insituições, e afirmou que gostaria de lançar a CBDC em 2024. Ele acrescentou que haverá notícias sobre a internacionalização do Pix no primeiro semestre do ano que vem.