Neste domingo (11), o general Carlos Alberto dos Santos Cruz , ex-ministro de Bolsonaro , afirmou que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) precisa mostrar á população que fará um governo de “união nacional”. O militar ainda pontuou que não existe tensão nas Forças Armadas com a eleição do petista à Presidência da República .
“Quem ganhou deverá governar, e quem perdeu deverá se organizar se quiser continuar influindo na política nacional”, declarou em uma entrevista ao O Globo . “Será o 3º governo de Lula, não há novidade nenhuma. Quem vai fazer parte da oposição sabe como Lula vai governar, e ele sabe como deve governar para não cometer os erros anteriores.”
O general foi ministro da Secretaria de Governo da Presidência da República no começo da gestão do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), de janeiro a junho de 2019. O mandatário demitiu Cruz por “falta de alinhamento político-ideológico” .
De acordo com Santos Cruz, o país está “muito desunido” e, “por causa dos escândalos” dos últimos anos, será “fundamental” que Lula mantenha a transparência no futuro governo.
“Lula tem que mostrar que realmente é um governo para todos, de união nacional”, afirmou. “Com Bolsonaro houve uma tentativa evidente de politizar as Forças Armadas”, disse Santos Cruz, acrescentando não acreditar que se possa “quebrar” a cultura militar.
“É uma estrutura muito forte, com hierarquia e disciplina. Uma coisa é o militar como pessoa, eleitor, mas no comportamento institucional tem uma estrutura sólida, lideranças fortes, disciplina militar”, disse.
O ex-ministro do governo Bolsonaro foi questionado sobre a auditoria das Forças Armadas nas urnas e afirmou que a questão foi explorada politicamente.
“Diversas instituições fazem parte desse processo de validação, não tinha necessidade nenhuma de convidar as Forças Armadas. Houve dois erros: convidar e aceitar”, declarou.
Ele ainda disse não estar surpreso com a atitude do atual chefe do Executivo após a derrota na eleição presidencial de 2022.
“Uma reação descabida. Ganhamos para trabalhar. Não pode ficar 2 meses sem falar nada”, falou.
Ele ainda reiterou que caso Bolsonaro participe da cerimônia de posse de Lula o país pode “esperar qualquer coisa” do presidente.
“Seria bom mostrar normalidade, se organizar para ser uma oposição produtiva e fiscalizadora. Isso é fundamental”, afirmou. “Se não for, quem vai perder é ele, em termos pessoais, políticos, porque não terá sabido se comportar da forma como deve”, continuou.
“É uma obrigação, o presidente tem que passar a faixa. O outro assumirá o governo com o vice-presidente, ou seja lá quem for passando [a faixa].”