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O caminho da retomada econômica precisa, invariavelmente, passar por algumas etapas, registra Paula Cristina, em matéria na revista IstoÉ Dinheiro. É preciso ter expansão do emprego, evolução da renda, previsibilidade macroeconômica. Só que todos esses estágios estão associados a um combustível específico: investimento do capital privado. É necessário que o empresário volte a ter confiança — palavra decisiva — para expandir seus negócios e assim fazer a roda da economia voltar a ganhar tração. No terceiro trimestre deste ano, uma boa notícia. A taxa de investimento no Brasil atingiu 19,6% do PIB e ficou acima da taxa de poupança (16,2%), o que na prática significa maior predisposição de colocar o dinheiro em circulação.
Para se chegar a esse resultado, o IBGE calcula a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), espécie de termômetro que mede a capacidade produtiva futura da economia por meio de investimentos correntes em ativos fixos, como máquinas. O resultado foi o melhor para o terceiro trimestre desde 2014 e seguiu uma sequência moderada de avanço quando comparada ao segundo trimestre, quando estava em 19,4%. Em um ano, o aumento foi de 0,5 ponto percentual. Entre os empresários há a expectativa de que a retomada do consumo que começou com o Auxílio Brasil de Bolsonaro siga em 2023. E, ainda que a palavra de ordem seja cautela, existe a necessidade de manutenção da operação, o que exige algum nível de investimento.
A Confederação Nacional do Comércio (CNC), por exemplo, revelou um movimento de otimismo entre os empresários, o que fez o indicador de expectativas saltar 10 pontos percentuais entre 2020 e 2021, para 131,9 pontos. Pontuações superiores a 100 sinalizam um olhar mais positivo para os negócios. Empresários dos serviços e da indústria também se mostram mais otimistas, com aumentos de 5% e 8% na comparação com novembro do ano passado, segundo suas respectivas entidades patronais, CNS E CNI.
José Roberto Tadros, que preside a CNC, afirmou que se o ambiente de enfraquecimento da inflação se mantiver, o de negócios seguirá melhor e, consequentemente, haverá mais espaço para expansão por parte dos empresários. Dentro do IBGE outro sinalizador importante foi o resultado de obtenção de crédito com fins de formação de ativos fixos. Entre julho e setembro, as empresas pegaram R$ 142,6 bilhões, contra R$ 77,2 bilhões no mesmo período de 2021.
ONDE APOSTAR
E para onde deve seguir o maior fluxo desse dinheiro? A Harvard Business Review Analytic Services, por exemplo, fez uma pesquisa na América Latina e captou que a adoção de novas tecnologias está no top of mind dos executivos de empresas de todos os portes por aqui. Exatos 90% dos entrevistados colocaram o assunto entre as três prioridades, ao lado de reforço de mão de obra e ampliação da capacidade produtiva. Outro bom sinal, já que o foco dos aportes estará na inovação.
Há ainda os que apostam que a temporada de compra e venda das empresas também estará em alta no Brasil em 2023. Outro levantamento, este feito por Alexandre Pierantoni, chefe da área de Finanças Corporativas e M&A da consultoria multinacional Kroll, estima alta de 15% nos negócios de fusão e aquisição em 2023. Até outubro de 2022, foram pouco mais de 1.860 transações, segundo a plataforma de tecnologia financeira Transactional Track Record (TTR) — o número é 14% menor que o mesmo período de 2021, e significa que há negócios que foram represados pela pandemia e pela incerteza e podem encontrar um terreno mais fértil em 2023. “Assim que o novo governo sinalizar suas ambições econômicas, mostrar responsabilidade fiscal e apresentar seus ministros, passa o período da tensão e haverá espaço para retomada dos negócios”, disse Pierantoni. O caminho para a retomada parece transitável e o e o tempo parece bom. Pelo menos até a próxima tempestade aparecer no horizonte.
