O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, afirmou neste sábado (26) que a decisão do deputado eleito Jean Wyllys (PSOL-RJ) de não assumir o terceiro mandato devido a ameaças “expressa um contexto de deteriorização do nosso ambiente democrático”.
Medeiros participou de reunião da executiva nacional do PSOL, em São Paulo, que, entre outros temas, tratou sobre o anúnico feito pelo parlamentar na última quinta-feira (24).
“Um país que não consegue garantir as condições para que um deputado exerça o seu mandato é um país cuja democracia está em crise. Queremos aproveitar esse episódio da decisão do Jean para travar um debate com a sociedade brasileira e deixar claro que há um problema na nossa democracia, que já vitimou uma vereadora no ano passado. Esse processo vai ser denunciado pelo PSOL”, afirmou, lembrando do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), em março do ano passado.
O presidente disse que o partido lamenta a decisão do deputado, mas apoia sua escolha.
“A nossa disposição era de dar todo apoio possível ao Jean. Trabalhamos nisso no período em que ele foi deputado. As ameaças contra ele foram compartilhadas com essa direção partidária. Mas há um elemento muito subjetivo de qual é o limite do indivíduo de suportar tudo que ele está suportando nos últimos anos”, disse Medeiros.
O presidente do PSOL também afirmou que o suplente do partido que assumirá a vaga na Câmara, o vereador David Miranda (RJ), dará continuidade à defesa das bandeiras de Jean e da sigla.
“É natural que haja um desalento por parte da militância e de alguns apoiadores do Jean, um sentimento que nós já conhecemos bem desde o assassinato da Marielle Franco, que foi uma brutalidade sem tamanho. Mas nós queremos aproveitar esse episódio para dizer que a hora é de coragem. Tenho certeza que o David está com toda disposição de levar adiante todas as lutas que o Jean representava e que são as lutas do próprio PSOL”, disse.
‘Calúnias’
De acordo com Medeiros, o partido pretende acionar a Justiça contra ataques virtuais que ele classificou como “calúnias” e “notícias falsas”, que teriam se intensificado nos últimos dois dias.
“Há uma disseminação de mentiras e ‘fake news’ tentando vincular o PSOL ao atentado que foi cometido contra [o presidente Jair] Bolsonaro. E buscando tentar criar algum tipo de relação entre a decisão de Jean Wyllys de não assumir seu mandato e o atentado. Essas mentiras mais uma vez são disseminadas pela máquina de calúnias da família Bolsonaro e de seus apoiadores. Já estamos levantando quem são as pessoas e vamos tomar medidas judiciais”, disse.
Medeiros cita também uma entrevista que o presidente concedeu ao jornal “Washington Post” na quinta-feira (24), na qual ele afirma que “alguém ligado ao partido de esquerda PSOL me esfaqueeou”.
“A quantidade de mentiras disseminadas é industrial, reforçada pelo próprio presidente da República, que está enrolado com as denúncias de relação da sua família com as milícias no Rio de Janeiro e usa esse episódio para tentar sair das cordas. É muito grave o que esta acontecendo”, afirmou.