O presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, comparou durante o programa UOL Entrevista os xingamentos feitos ao ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), no início de novembro em Santa Catarina, ao início da Alemanha nazista em 1940. Bivar classificou as agressões a ministros do STF como “assustadoras”.
“Outro dia estava dizendo para um amigo que estava muito preocupado com a agressão que fizeram ao ministro Barroso em Santa Catarina. Disse que às vezes é como se estivesse em 1940 na Alemanha nazista e aquilo eram os primeiros movimentos e primeiros passos. Isso é assustador”, disse Bivar.
Ele ainda defendeu as medidas tomadas pelo STF em defesa da democracia, rechaçando a ideia de que os ministros acabam “extrapolando”, e disse que é um dever não permitir que esse tipo de movimento possa prosperar e se fortalecer.
“Essas coisas não podem continuar e todas as medidas, por mais que alguns defendam que o Supremo está extrapolando, ele tem que ser duro agora porque se não for duro vai acontecer isso que aconteceu em 1940 e a coisa prosseguiu até você ter uma Alemanha nazista forte, totalitária e exterminando a democracia”, completou.
Bivar, que era um antigo aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL) ainda no PSL, também afirmou que o atual presidente tem responsabilidade sobre as manifestações golpistas que estão acontecendo no Brasil, mas também disse acreditar que essas manifestações devam perder forças.
“Ele tem uma responsabilidade grande sobre isso, é claro. O que ele representa hoje até o final do ano é a presidência da República e tudo o que ele fala tem uma ressonância muito grande. (…) mas à medida que o tempo vai passando essas pessoas vão ser desestimuladas a fazer isso porque não vai dar em nada e não tem como retroceder. Mas a gente não pode permitir e acho que os ministros do Supremo tem razão em tomar medidas fortes. Eles não extrapolam e estamos defendendo nosso bem maior, que é a democracia”.
Valdemar da Costa Neto
Durante a participação no UOL Entrevista, Bivar também foi questionado pela colunista do UOL Carolina Brígido sobre a multa imposta pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) ao PL, partido de Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto, por supostamente tentar “tumultuar as eleições”. Apesar de se dizer amigo de Valdemar, Bivar afirmou que o questionamento à legitimidade das eleições foi feito em um momento de insensatez.
“As coisas têm que ser feitas com muita responsabilidade, você não pode comprometer todo o sistema partidário do Brasil e o presidente do partido dizer alguma coisa que todas as urnas estão comprometidas”, começou.
“Desculpa até ao Valdemar, que é meu amigo querido e gosto muito, somos até vizinhos no mesmo andar o PL e o União Brasil, mas isso não me passa pela cabeça que tenha sido um momento de sensatez em arguir essa ilegitimidade das urnas que ele aventou. Então a resposta veio iminente”, completou sobre a atitude do presidente do PL e a multa imposta pelo TSE.
Bivar se esquivou de dizer se a multa de R$ 22,9 milhões foi justa ou não, mas afirmou que a decisão do TSE foi tomada para “defender o sistema partidário”.
“Todas essas penas que são impostas pelo TSE, que é o nosso órgão para legislar sobre o direito eleitoral, e o Partido Liberal está subordinado a isso, você tem que receber não digo com naturalidade, mas tem que receber isso como uma forma de defesa do nosso sistema partidário”.
Bivar: ‘Estão fustigando a democracia e isso é muito perigoso’
Luciano Bivar, apesar de não afirmar que o União Brasil fará parte da base governista no governo Lula, disse que é necessário participar do governo para o país não virar uma “câmara de gás em forma social”. Ele defendeu que sem a participação fica difícil reclamar depois, e disse que o União Brasil trabalha pelo bem do país.
“O União Brasil é antes de tudo um partido que pensa na nação, no país, no Brasil e em diminuir nossas desigualdades sociais”.
Quando questionado pelo colunista Leonardo Sakamoto se partidos que apoiaram Bolsonaro nas eleições como PP, Republicanos e o centrão como um todo podem se aliar ao governo Lula, Bivar disse que esse tipo de decisão tem que ser tomado democraticamente dentro de cada partido, mas fez críticas ao período que o Brasil viveu e ainda vive sob o governo de Bolsonaro.
“Estamos vivendo momentos terríveis e passando por um drama muito grande da nossa República. Acho que nunca em outro momento do nosso país, e estou falando isso há três anos, estão fustigando a democracia e isso é muito perigoso. Continuo a dizer que esse tecido democrático ainda está muito delicado e é preciso que a gente dê força ao governo instalado para que não se retroceda em uma redução mais forte ainda”.