O diesel coprocessado com óleos vegetais, como o R5 da Petrobras, não é, hoje, considerado biodiesel pela reguladora ANP, e não poderia integrar a mistura obrigatória do biocombustível, disse nesta terça-feira (22) o chefe do núcleo do Centro de Pesquisas e Análises Tecnológicas da agência, Alex Brito de Medeiros.
“O coprocessamento é um processo em que em vez de injetar petróleo na planta de tratamento, você tem petróleo e gordura. Para a ANP, hoje, esse diesel é um diesel A. Ou seja, um diesel sem biodiesel”, disse Medeiros, durante seminário do setor de biodiesel em Brasília, organizado pela Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio).
O representante da ANP disse que, após a decisão do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que abriu caminho para a adoção do R5, a agência vai revisitar o tema.
“Vamos ver de que forma essa parcela renovável do coprocessamento vai entrar nesse contexto, de que forma vai ser regulado”, afirmou.
Ele disse que para um biocombustível integrar o programa RenovaBio é preciso que demonstre “um grau de renovabilidade”.
“Que grau é esse? A gente não sabe. Não sei se a Petrobras vai conseguir demonstrar isso e de que forma”, disse Medeiros.
O chefe de pesquisas afirmou que a ANP está debruçada sobre todas as novas rotas, como o diesel verde (também chamado de HVO) e o próprio diesel coprocessado, o que é algo “extremamente difícil” por ter menos referências internacionais.
“A ANP fez uma definição de biodiesel alinhada às definições internacionais, que é o éster (por meio do processo de transesterificação)”.
O combustível R5 da Petrobras, produzido ainda sob esquema de testes, foi comercializado pela Vibra Energia com autorizações específicas da ANP.
O diesel R5, que deixa a refinaria com 95% de diesel mineral e 5% de óleo renovável, foi misturado ao diesel B, que atualmente conta com 10% de mistura de biodiesel, ampliando o conteúdo menos poluente do combustível vendido ao consumidor final.