O ex-ministro Guido Mantega renunciou, nesta quinta-feira (17), à participação no gabinete de transição de governo. Ele havia sido anunciado na última quinta-feira (10) pelo vice-coordenador eleito Geraldo Alckmin (PSB), que coordena os trabalhos, para compor a equipe de Planejamento, Orçamento e Gestão.
Em carta enviada a Alckmin, Mantega pesou a decisão ao acusar adversários de criarem “tumulto” em cima do seu nome por conta de condenação pelo Tribunal de Contas da União (TCU). A punição foi em 2016 e incluiu a proibição de o ex-ministro ocupar cargos públicos até 2030. Por conta disso, ele seria voluntário no gabinete de transição.
No recado ao vice-presidente, Mantega diz ter aceitado “com alegria” o convite para compor o grupo,”na certeza de poder dar uma contribuição para a implantação do governo democrático do presidente Lula”. Ele destaca que, por conta da decisão do TCU, a qual chama de “indevida”, aceitou trabalhar “como colaborador não remunerado, sem cargo público, para não contrariar a decisão que me impedia de exercer funções públicas”.
“Mesmo assim essa minha condição estava sendo explorada pelos adversários, interessados em tumultuar a transição e criar dificuldades para o novo governo”, frisou na carta.
“Diante disso, resolvi solicitar meu afastamento da Equipe de Transição, no aguardo de decisão judicial que irá suspender os atos do TCU que me afastaram da vida pública. Estou confiante de que a justiça vai reparar esse equívoco, que manchou minha reputação”, concluiu.
Mantega foi condenado pelas ações fiscais que motivaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Chamadas informalmente de “pedaladas”, as manobras maquiaram as contas públicas em 2013 e 2014.
Na época da condenação, ele também foi multado em R$ 54 mil por conta de atrasos no repasses a bancos públicos de valores destinados ao pagamento de benefícios de programas sociais. O ex-ministro chefiou a pasta da Fazenda no governo Dilma. Ele também foi ministro da Fazenda e do Planejamento nos dois primeiros mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito neste ano para o terceiro mandato presidencial.