Berlim conclui esforços para encher suas instalações de armazenamento de gás natural, enquanto se prepara para o inverno. Rússia reduziu abastecimento de energia para Europa, obrigando países a buscarem outras fontes.
As instalações de armazenamento de gás natural da Alemanha atingiram 100% de sua capacidade, segundo dados divulgados nesta última terça-feira (15) pela associação Gas Infrastructure Europe (GIE), que representa os operadores de infraestrutura de gás da Europa.
Tanques de armazenamento cheios significam que a Alemanha não deverá ter problemas para garantir o abastecimento de empresas e consumidores durante os meses de inverno no Hemisfério Norte. O gás serve para aquecer as casas e manter parte importante da indústria funcionando.
Até então muito dependente do gás russo, a maior economia da Europa passou a encher seus reservatórios assim que a Rússia cortou as entregas do produto, após a invasão da Ucrânia. O armazenamento foi concluído antes do previsto: a Alemanha atingiu em meados de outubro a meta estabelecida para novembro de alcançar 95% da capacidade dos tanques.
A Bundesnetzagentur, agência reguladora de energia da Alemanha, confirmou em nota que o país chegou a 100% de armazenamento, mas enfatizou que, de qualquer forma, ainda é necessário economizar gás. Segundo o órgão, reduzir o consumo em pelo menos 20% é essencial para “evitar uma emergência nacional de abastecimento de gás neste inverno”.
O marco de armazenamento foi alcançado no mesmo dia em que a Alemanha inaugurou um novo cais dedicado à importação de gás natural por via marítima, como alternativa ao abastecimento russo por gasodutos. Ao todo, planejam-se cinco desses terminais.
Para o presidente da Bundesnetzagentur, Klaus Müller, os dois acontecimentos juntos representaram um “duplo sucesso”: “Agora precisamos desse impulso para a expansão das energias renováveis e suas redes”, comentou.
Esforços para evitar crise
O sucesso no armazenamento de gás pela Alemanha se deve em parte aos esforços de Berlim para obter suprimentos alternativos, que incluem a importação de gás natural de produtores como a Noruega e os Estados Unidos.
Empresas e consumidores privados também se adaptaram, atendendo aos apelos para reduzir o consumo. Segundo a Bundesnetzagentur, o consumo de gás na semana iniciada em 31 de outubro de 2022 foi inferior ao consumo médio dos últimos quatro anos.
Um dos motivos, porém, foi o clima. As temperaturas foram 1,9 °C mais altas do que na mesma época em anos anteriores, o que implica menor necessidade de aquecimento.
O esforço para evitar uma crise energética também incluiu a reativação temporária de velhas usinas movidas a carvão e petróleo, bem como o adiamento da desativação das últimas três usinas nucleares da Alemanha.