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segunda-feira 14 de novembro de 2022 às 12:28h

‘Vou focar em meus projetos: FIOL, ponte Salvador-Itaparica, duplicação de rodovias. Quero ajudar a Bahia’, diz Leão

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O vice-governador da Bahia e deputado federal eleito, João Leão (PP), criticou em entrevista ao jornal Tribuna sobre a PEC que o presidente eleito Lula quer aprovar para garantir o Auxílio Brasil de R$ 600 para os próximos anos.

Tribuna – Está se discutindo uma saída para manter o Auxílio Brasil em R$ 600, mas o governo eleito não sabe de onde tirar o dinheiro. O que o senhor pensa a respeito disso?

João Leão – Um governo que gasta mais do que arrecada não é de esquerda e nem de direita. É incompetente mesmo. Vou lhe mostrar a situação real do Brasil: quanto é a dívida brasileira? Você tem alguma dívida? A sua dívida é maior do que o seu salário? É o caso do Brasil agora. Essa PEC é uma loucura.  Não precisa de PEC. Lula chega lá no primeiro dia e edita uma Medida Provisória. Prometeu mais R$ 150, não precisa ser mais R$ 150 nos primeiros dias de governo; ele joga isso para a frente. Vai tirar dinheiro de onde? Tem que preparar o país para gerar emprego.

Tribuna – O senhor vai voltar para a Câmara. Pretende continuar tocando projetos na Bahia?

João Leão – Vou focar em meus projetos que eu já fiz. A FIOL é um projeto de João Leão. A Ponte Salvador-Itaparica é um projeto de João Leão. As duplicações até o Polo Petroquímico foi João Leão que fez. Eu quero continuar esse tipo de projeto. Só que agora eu quero duplicar de Luís Eduardo Magalhães até Salvador. Quero ajudar a Bahia.

Tribuna – Em relação à eleição estadual, a que atribuiu a vitória de Jerônimo Rodrigues?

João Leão – Além de Lula, foi a fumaça que o nosso governador vendeu para todos os prefeitos da Bahia, chamando os prefeitos para fazer convênios. Inclusive, chamou muito dos meus partidos. Agora, você tem que levantar a situação do Estado. Cabe aos deputados estaduais.

Tribuna – A situação das contas do Estado está ruim?

João Leão – O relator na ALBA [deputado estadual Samuel Júnior, da Comissão de Finanças] rejeitou as contas de 2019.

Tribuna – O senhor acha que ACM Neto cometeu algum erro na campanha?

João Leão – Acho que não. ACM Neto foi um guerreiro, rapaz. Sem dinheiro, sem convênio e sem nada fazer o que fizemos na campanha, fomos heróis. Cacá Leão teve 1,8 milhão de votos sem gastar dinheiro, bonitão.

Tribuna – Estão saindo notícias de que o PP não descarta voltar para a base petista. Isso pode acontecer?

João Leão – De minha parte, não. O que eu vou fazer agora, como deputado federal, é ajudar o Brasil. Não podemos ficar fora do processo. Lula ganhou. Então, eu vou ajudar o Brasil. O que eu quero é indicar os caminhos que sejam viáveis. Você não tem dinheiro no orçamento da União. O Ministério da Infraestrutura gastou em 2022 R$ 12,8 bilhões. Você tem um orçamento de R$ 11,2 bilhões. Isso não dá para fazer nada no Brasil. Então, temos que ter criatividade para você utilizar bem esse dinheiro e fazer PPPs [Parcerias Público-Privadas]. Se não tiverem dinheiro para fazer, me deem que eu faço o projeto e entrego de graça ao Governo. Eu, com minha equipe de amigos, a gente faz. Reúno os produtores do Oeste da Bahia e a gente faz. E entrego pronto para ser licitado.

Tribuna – O senhor acha que Lula vai conseguir dialogar e ter o apoio do Congresso para fazer o que ele pretende?

João Leão – Pelo orçamento que ele prometeu, não dá para fazer. A não ser que ele deixe o país no buraco, tomando dinheiro emprestado. O Brasil hoje tem uma dívida total de R$ 7,3 trilhões. Você arrecada R$ 2,27 trilhões. Então, você arrecada 30,5%. Então, o que está acontecendo com o Brasil: você vai jogando e aumentando o bolo. Mas daqui cinco ou dez anos, o Brasil vai explodir. Vai se tornar um país inviável. Ou você para e liquida essa dívida, o que não é conveniente fazer, ou você aumenta a arrecadação do Brasil. Você tem que fazer um projeto como nós fizemos quando eu era Secretário do Planejamento. A Bahia tem um superávit de R$ 12 bi. Por quê? Porque nós calçamos o projeto e você transforma em receita. Nós estamos fazendo um projeto no Oeste, que são as usinas de açúcar e álcool. A Bahia importa 85% do seu álcool. Sabe de onde vem isso? São Paulo. Outro projeto que vai deixar muito recurso para a Bahia é a FIOL. Como? Na exploração mineral que temos na linha da FIOL. O Estado precisa ativar isso. E até agora ninguém se mexeu. Nós precisamos pegar o recurso de dinheiro, fazer a prospecção do estado e ver o que temos de minério. A Bahia é o estado mais rico na área mineral. Temos mais minério que Minas Gerais. No entanto, quando você vai na ponta do lápis, somos o quarto. Goiás está na nossa frente.

Tribuna – A que se deve isso, na sua opinião?

João Leão – Falta de estrutura de governo, falta de interesse, falta de cabeça, falta de sabedoria.

Tribuna – Faltam incentivos para atrair investimentos externos?

João Leão – É preciso dar condições para o empresário vir para a Bahia. Uma usina dessa que está se instalando aqui, a gente dá 12 anos de ICMS zero. Tem que ter incentivos fiscais para que o empresário de fora venha investir na Bahia. O mesmo com o Brasil. Tem que trazer a multinacional. A Ford fechou aqui, precisamos arrumar uma montadora de automóveis. A infraestrutura está toda pronta, um cemitério. Você gera renda, riqueza, e fabrica veículos para exportação para trazer receita para o Brasil. O Brasil não pode ter uma dívida de R$ 7,3 trilhões e uma receita de R$ 2,2 trilhões. A tendência é ficar renegociando essa dívida toda. Transforma isso numa bola de neve, aí chega lá na frente e não tem mais neve para rolar.

Tribuna – O senhor acha que Arthur Lira vai se pavimentar para se reeleger como presidente da Câmara?

João Leão – Acho que sim. Arthur Lira é muito capaz e é muito jeitoso. O deputado que chega e que continuou quer um presidente que atenda às suas demandas. Todo deputado, quando vai lá, vai sonhando com mil obras para fazer quando for votado. Então, ele precisa de dinheiro, de recursos. E quem tem a chave do cofre hoje? Arthur Lira.

Tribuna – O senhor acha que o Brasil vai se pacificar?

João Leão – Acho que a tendência é diminuir. Não se comprovou absolutamente nada [fraude nas urnas]. Saiu o Ministério da Defesa, que não foi nem açúcar e nem sal. Um relatório que não disse nada. Então, é aceitar agora, bonitão. Se Bolsonaro quiser ser presidente, é se preparar para 2026.

Tribuna – O senhor acha que ele vai conseguir, nos próximos quatro anos, liderar uma oposição contra Lula?

João Leão – Acho muito difícil. Primeiro porque Bolsonaro é muito estourado. É muito radical. A mim, ele não lidera, porque não sou radical. Ele pode liderar um grupo de 30 deputados radicais de direita, entendeu? Acho que o Brasil precisa caminhar.

Tribuna – Qual seria a solução para o Governo manter as políticas sociais que prometeu e não quebrar o país?

João Leão – Não tem solução. Só tem uma solução: aumentar a receita do Brasil. Você tem que estudar onde é que nós vamos crescer, no setor industrial, do agronegócio, da tecnologia e todos os setores da iniciativa privada. Porque quem paga a nossa conta no Brasil são os empresários. O Ministério do Trabalho e Previdência Social tem um orçamento de R$ 950 bilhões. Isso é recurso para os aposentados. Cada vez isso vai aumentar mais. Leão tem 76 anos e vai viver 200. A longevidade no Brasil está aumentando. Antigamente, um coronel da PM morria com 50 anos de idade. Com 60 anos era caixão e vela. Hoje os coronéis têm 90 anos. É a tendência natural a Previdência aumentar. Daqui a pouco eu vou ter uma receita que eu não vou ter dinheiro para pagar a Previdência.

Tribuna – O senhor acha que a Reforma da Previdência não foi o suficiente para compensar?

João Leão – Acho que não. Ou nós começamos a cortar na carne agora… Ou na minha teoria, deixa como está e vamos fazer programas para aumentar a arrecadação do Brasil. Você tem que levar a receita para R$ 5 trilhões. Taxar os bancos, as grandes fortunas…

Tribuna – Foi uma promessa de campanha de Lula…

João Leão – Lula passou oito anos e não fez isso. Dilma passou seis…

Tribuna – Mas teve muita pressão também…

João Leão – O brasileiro é muito bonzinho. A mentalidade nossa é que nós gostamos de proteger as pessoas. O rico, o pobre e o remediado. Nós precisamos entrar na realidade. O país precisa disso. Precisamos deixar de ter investimento público nessa área de infraestrutura e fazer PPPs. Jogar o problema para a iniciativa privada. O cara vai ganhar dinheiro ali vai fazer. Eu não fiz a ponte da Barra? O Estado não tinha dinheiro.

Tribuna – Quais foram os erros do Governo Bolsonaro nos últimos quatro anos?

João Leão – Aí eu vou ter que conversar com você um dia inteiro. Bolsonaro é um cara bom, tem um coração bom, mas falta capacidade para ser Presidente da República. É como Lula, que precisa se reciclar. Ele precisa esquecer os companheiros do PT e colocar uma equipe diferente, um governo diferente. Estamos vivendo hoje um momento diferente. O Brasil, dizia meu avô, é o país do futuro. O meu pai dizia que o Brasil é o país do futuro. Eu digo que o Brasil é o país do futuro. Cacá Leão e Felipão dizem. Meus netos vão dizer. E esse futuro não chega.

Tribuna – Isso explica o pessimismo da população?

João Leão – O melhor governo que tivemos nesse período todo foi o de Temer. Ele ainda fez uma Reforma da Previdência capenga, mas fez. Precisamos ter coragem de definir as coisas. Não pode um desembargador e presidente de tribunal se aposentar com R$ 50 mil por mês. Tínhamos que ter coragem de dizer não. A lei do teto é uma falácia. Os próprios ministros aumentam os seus salários e isso vem em cascata para todo mundo. Se você quiser, destrincho todos os números aqui. Levei 20 anos na Comissão do Orçamento. Fui relator de todas as matérias. Vou lhe dar um exemplo: quem criou o célebre PAC, que Lula tanto fala? Foi um tal de João Leão. As universidades todas da Bahia, cinco ao todo, foi um tal de João Leão, junto com o deputado Walter Pinheiro. Ele não era do meu lado, mas ajudou bastante, o deputado José Carlos Aleluia. Criamos um grupo de trabalho para criar essas universidades. A Bahia ainda precisa muito mais.

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