A safra total de milho do Brasil 2021/22 foi estimada nesta quarta-feira em recorde de 115,2 milhões de toneladas, de acordo com levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), importante fator para que a produção total de grãos e oleaginosas caminhe também para um número histórico.
Com a colheita da segunda safra já em andamento, a Conab elevou a previsão na comparação com o dado de maio, de 114,58 milhões de toneladas, e projetou aumento na produção total do cereal do país de 32,3% ante o ciclo 2020/21, quando geadas e seca afetaram severamente a produtividade.
A companhia ainda fez um ajuste na safra de soja do país, já colhida, para 124,27 milhões de toneladas, ante 123,8 milhões em maio, o que representa queda de 10,1% ante o ciclo 2020/21 por conta da estiagem.
A produção de soja e milho deverá responder por quase 90% da colheita de grãos e oleaginosas do país, projetada em recorde de 271,3 milhões de toneladas, com um crescimento de 6,2% ante a temporada anterior, muito em função da expansão da área plantada, considerando as intempéries vistas ao longo do ciclo.
“Vale ressaltar que, nesta safra, o comportamento climático e o baixo índice pluviométrico, sobretudo na região centro-sul, causaram perdas significativas às culturas de milho e de soja”, disse a Conab.
Inicialmente, previa-se uma produção total de 288,6 milhões de toneladas, não fosse a seca.
Para o diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas da Conab, Sergio De Zen, ainda é preciso acompanhar o desenvolvimento das lavouras de milho, principalmente nos Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul.
“Nesses locais, a cultura se encontra em estágios de desenvolvimento em que o clima exerce grande influência no resultado final. Considerando a segunda safra, cerca de 25,5% do milho do país ainda está sob influência do clima”, comentou De Zen.
Exportações e outras culturas
A estatal ainda reduziu a previsão de exportação de soja do Brasil em 2022 para 75,23 milhões de toneladas, versus 77 milhões na projeção passada e 86,1 milhões em 2021, quando houve um embarque recorde.
“Com os esmagamentos em alta, as exportações da safra 2021/22 de grãos estão menores… Com o aumento (na estimativa) de produção e de esmagamentos e a redução das exportações de grãos, os estoques de passagem para a safra 2021/22 de soja em grãos são estimados em 4,86 milhões de toneladas”, disse a Conab.
Mais cedo, a associação da indústria Abiove havia indicado força no processamento de soja, diante de boas margens para a produção de farelo e óleo.
“No lado da demanda, as margens de esmagamentos bastante atrativas e os preços internacionais de óleo de soja e farelo de soja em alta estão favorecendo as exportações de óleo e farelo”, reiterou a Conab.
A exportação de milho foi mantida em 37 milhões de toneladas, projeção estável ante maio e contra 20,8 milhões no ciclo passado.
Apesar do aumento nas exportações de um ano para outro, o volume estimado ainda indica que ficará distante do recorde de mais de 41 milhões de toneladas de 2018/19, o que resultará em uma recomposição de estoques.
“O estoque de milho em fevereiro de 2023, ou seja, ao fim do ano-safra 2021/22, deverá ser de 10,6 milhões de toneladas, aumento de 36% comparado à safra 2020/21, esse dado indica a recomposição da disponibilidade interna do cereal ao fim do ano-safra em curso”, comentou.
Com relação ao algodão, a Conab destacou que a colheita já teve o seu início em diversos Estados, devendo avançar mais significativamente a partir do final de junho, enquanto manteve praticamente inalterada a estimativa de produção da pluma em 2,8 milhões de toneladas, aumento anual de quase 20%.
No caso do trigo, o que acontece é o plantio da nova safra, que poderá resultar em um recorde de mais 8,3 milhões de toneladas, diante de um crescimento de 5,4% na área plantada, segundo a Conab. Com isso, estatal revisou em 500 mil toneladas a projeção de exportação, para 1,5 milhão de toneladas.