O partido francês de extrema direita Reunião Nacional elegeu conforme a AFP, neste último sábado (5), seu novo presidente. Jordan Bardella, de 27 anos, substituirá Marine Le Pen, ex-candidata à presidência do país, que ficou onze anos no cargo. Ele obteve 85% dos votos no partido e derrotou o prefeito de Perpignan (sul), Louis Alliot, que obteve apenas 15% das preferências.
O jovem eurodeputado é o primeiro líder do partido que não terá o sobrenome do clã Le Pen. Jean Marie Le Pen fundou a Frente Nacional em 1972 e dirigiu a legenda por quase 40 anos. Marine Le Pen assumiu o cargo em 2011. Marion Maréchal, 32 anos, sobrinha da líder e herdeira politica da família, deixou a RN para apoiar o candidato à presidência da ultradireita Eric Zemmour, do partido Reconquista, que obteve 7% dos votos no primeiro turno da eleição presidencial em abril.
O novo presidente da RN não pretende ofuscar Marine Le Pen, que continuará a ser a principal figura do partido, segundo suas próprias palavras. “Sou um candidato de continuidade, com o objetivo de proteger seu legado incrível”, afirmou antes da eleição.
Mas, apesar de ter negado qualquer aliança com Zemmour, Jordan Bardella é conhecido por defender teses ultranacionalistas, como a da “Grande Substituição”. A teoria racista, criada em 2010 pelo escritor francês de extrema direita Renaud Camus, defende que a população europeia estaria sendo aos poucos substituida por povos não europeus, por “culpa” da imigração.
Força na Assembleia
O líder da RN é considerado um “protegido” de Marine Le Pen, candidata que tornou o partido de extrema direita um dos principais atores da política francesa. Em sua terceira candidatura à presidência francesa, ela obteve no segundo turno do pleito, em abril, 41,5% dos votos, contra 58,55% para o atual chefe de Estado reeleito, Emmanuel Macron.
Além da excelente marca na presidencial, na eleição legislativa, em junho, a Reunião Nacional obteve 89 cadeiras na Assembleia Nacional, tornando-se, assim, o maior partido de oposição na Assembleia Nacional.
O desempenho inédito nas urnas mostra o sucesso da estratégia de comunicação do partido, que buscou vender uma imagem menos agressiva e mais aberta de Marine Le Pen nas redes sociais – ela inclusive posou para fotos ao lado de eleitoras muçulmanas, embora defenda abertamente a proibição do véu no espaço público.
Neste sábado (5), a líder de extrema direita disse que pretende dar continuidade ao seu “combate político”, e não exclui uma quarta candidatura à presidência, em 2027. “Ainda temos muito a fazer. Estou mais mobilizada do que nunca”, declarou.
Deputado é suspenso por declaração racista
A eleição do novo presidente da RN ocorre em um momento particularmente tenso para o partido. A Assembleia Nacional francesa anunciou nesta sexta-feira (4) a suspensão, por 15 dias, do deputado do partido Grégoire de Fournas. Ele admitiu, na quinta-feira (3), ter usado a frase “Que volte para a África” durante uma intervenção do deputado negro do partido A França Insubmissa (LFI) Carlos Martens Bilongo, que falava sobre o drama da imigração ilegal durante uma sessão de perguntas ao governo.
A oposição pede que ele seja definitivamente expulso após a ocorrência, que suscitou uma grande revolta da classe política francesa.