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quarta-feira 2 de novembro de 2022 às 10:38h

De Churchill a Lula: a arte de voltar ao poder

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Quatro anos depois da prisão por suspeita de corrupção, Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito no último domingo para o seu terceiro mandato como presidente do Brasil. Mas o petista não é o único a reassumir o comando de um país após passar um período longe da vida pública.

Conheça conforme reportagem da AFP, outros líderes na história mundial que, tal como Lula, voltaram inesperadamente ao centro do poder.

Winston Churchill

Winston Churchill foi primeiro-ministro do Reino Unido entre 1940 a 1945 e depois de 1951 a 1955 — Foto: Arquivo O Globo

Winston Churchill foi primeiro-ministro do Reino Unido entre 1940 a 1945 e depois de 1951 a 1955 — Foto: Arquivo O Globo

Antes de se tornar uma das figuras mais proeminentes durante a Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill tinha sido forçado a se demitir do comando da Marinha Britânica em 1915, após o fracasso na Batalha dos Dardanelos na Turquia, onde milhares de soldados foram mortos.

Mas 25 anos mais tarde, em maio de 1940, após a invasão da Polônia pela Alemanha nazista, Churchill chegou ao poder no Reino Unido. Primeiro-ministro do governo de coligação durante a guerra, incitou os ânimos no país com os seus discursos inflamados.

Após a guerra, afastou-se da política até finalmente retornar ao poder em 1951, aos 76 anos de idade.

Charles de Gaulle

O general Charles de Gaulle presidiu o governo provisório da França de 1944 a 1946, depois voltou ao poder como primeiro-ministro em 1958 e foi eleito presidente por dois mandatos entre 1959 a 1969 — Foto: Getty Images

O general Charles de Gaulle presidiu o governo provisório da França de 1944 a 1946, depois voltou ao poder como primeiro-ministro em 1958 e foi eleito presidente por dois mandatos entre 1959 a 1969 — Foto: Getty Images

Líder das Forças Francesas Livres na Segunda Guerra Mundial, o general Charles de Gaulle presidiu o governo provisório da França após a libertação de Paris da Alemanha nazista de 1944 a 1946. No entanto, apenas dois anos depois, renunciou ao cargo por não ter conseguido unificar os principais partidos do país. Deixou a vida pública por um tempo após o fracasso do Comício do Povo Francês (RPF, na sigla francesa) nas eleições municipais de 1953.

Contudo, voltou à política em junho de 1958, após o presidente René Coty nomeá-lo como primeiro-ministro da Quarta República francesa. No período, reescreveu a Constituição e fundou a Quinta República, aprovadas em referendo.

Em dezembro do mesmo ano, De Gaulle foi eleito o primeiro presidente da Quinta República, cargo para o qual foi reeleito em 1965.

Em abril de 1969, renunciou à Presidência e abandonou a política definitivamente após o fracasso de um referendo que colocou em pauta a regionalização e reforma do Senado (Câmara Alta do Parlamento).

Juan Domingo Perón

Juan Domingo Perón e sua esposa, Eva Perón, um dos maiores nomes da política argentina até hoje e fundadores do peronismo — Foto: Arquivo O Globo

Juan Domingo Perón e sua esposa, Eva Perón, um dos maiores nomes da política argentina até hoje e fundadores do peronismo — Foto: Arquivo O Globo

Após ocupar vários cargos no governo sob a ditadura militar argentina, Juan Domingo Perón foi eleito presidente em 1946 e reeleito em 1951.

Tornou-se um dos grandes mitos da história argentina junto com sua esposa, a atriz Eva Duarte, Evita, que também virou uma importante líder na política. O casal, fundador do peronismo, usufruiu de imensa popularidade, mas um golpe militar os derrubou em 1955.

Perón exilou-se no Paraguai e depois na Espanha. Em junho de 1973, regressou à Argentina como um herói. Foi reeleito em setembro do mesmo ano para um terceiro mandato, 18 anos após o seu exílio, mas morreu menos de um ano depois.

Deng Xiaoping

Deng Xiaoping foi vice-primeiro-ministro em 1975, mas foi expulso do cargo no ano seguinte, até que reassumir o comando da China entre 1978 a 1992 — Foto: AFP

Deng Xiaoping foi vice-primeiro-ministro em 1975, mas foi expulso do cargo no ano seguinte, até que reassumir o comando da China entre 1978 a 1992 — Foto: AFP

Deng Xiaoping, arquiteto da modernização que tornou a China a grande potência econômica do século XXI, foi destituído várias vezes antes de assumir o poder.

Nomeado para o comitê central do Partido Comunista Chinês em 1945, experimentou uma ascensão meteórica após o estabelecimento do comunismo em 1949, mas logo foi afastado por suas visões consideradas capitalistas demais.

Em 1975, tornou-se vice-primeiro-ministro, mas foi destituído no ano seguinte.

Retornou ao poder em 1978, quando deu início à política de reforma econômica que permitiu que a China se tornasse uma potência décadas mais tarde, ficando no poder até 1992.

Aung San Suu Kyi foi impedida de assumir como primeira-ministra de Mianmar em 1990, mas voltou ao poder em 2016, onde ficou até o país sofrer um golpe de Estado em 2021 — Foto: AFP

Aung San Suu Kyi foi impedida de assumir como primeira-ministra de Mianmar em 1990, mas voltou ao poder em 2016, onde ficou até o país sofrer um golpe de Estado em 2021 — Foto: AFP

A líder da oposição em Mianmar ganhou as eleições em maio de 1990, mas uma junta militar do país não permitiu que assumisse o poder, e foi colocada em prisão domiciliar por 15 anos na casa de sua família em Rangum, antiga capital e maior cidade do país.

Tornou-se primeira-ministra em 2016 após o seu partido vencer as primeiras eleições livres em um quarto de século.

No entanto, em fevereiro de 2021 o país viveu outro golpe militar. Suu Kyi vive presa e isolada numa prisão em Naipidau, nova capital de Mianmar.

Silvio Berlusconi

Silvio Berlusconi foi primeiro-ministro da Itália entre 1994 a 1995, depois de 2001 a 2006 e novamente entre 2008 a 2011 — Foto: ALBERTO PIZZOLI/AFP

Silvio Berlusconi foi primeiro-ministro da Itália entre 1994 a 1995, depois de 2001 a 2006 e novamente entre 2008 a 2011 — Foto: ALBERTO PIZZOLI/AFP

Desde 1994, Silvio Berlusconi já governou a Itália três vezes: de 1994 a 1995, depois de 2001 a 2006 e novamente entre 2008 e 2011. Os últimos 30 anos da história do país estão entrelaçados com Berlusconi, um dos nomes mais famosos da política italiana.

Aos 86 anos, apesar dos escândalos sexuais e dos processos judiciais que mancharam sua imagem, foi eleito para o Senado como chefe de um dos partidos da coligação de extrema direita que ganhou as eleições legislativas em setembro e nomeou Giorgia Meloni como primeira-ministra.

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