A economia da China registrou crescimento de 3,9% em ritmo anual no terceiro trimestre de 2022, de acordo com os dados oficiais divulgados nesta segunda-feira (24), que superaram as previsões dos analistas, apesar da desaceleração provocada pelas restrições provocadas pela pandemia de covid.
O resultado do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), publicado um dia após a reeleição de Xi Jinping como líder do Partido Comunista da China, aconteceu com seis dias de atraso em relação à data originalmente prevista.
O governo chinês adiou a divulgação dos números sem apresentar um motivo ou anunciar a nova data de publicação.
Embora seja questionável, o resultado oficial do PIB da China – eminentemente político – é analisado com lupa, ante o peso que o país tem no cenário internacional como segunda maior economia mundial.
O país asiático não deve “enfatizar apenas o seu PIB, e sim a inovação, para alcançar um desenvolvimento de alta qualidade”, disse à imprensa Mu Hong, diretor da Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma (NDRC).
Um painel, formado por 12 analistas, consultado pela AFP calculava um crescimento de 2,5% em ritmo anual entre julho e setembro, período afetado pela política de “covid zero” do governo chinês.
Ao contrário de outros países, que optaram por conviver com o vírus e eliminar as restrições, a China prossegue com uma política de saúde inflexível para combater a covid-19.
“Sinais de recuperação”
As medidas, que incluem com frequência o fechamento de empresas e fábricas de produção, afetam a atividade econômica e os deslocamentos, o que também derruba o consumo.
No segundo trimestre, o país cresceu apenas 0,4% em ritmo anual, o pior resultado desde 2020.
“Mas agora a economia apresenta sinais de recuperação”, declarou Zhao Tonglu, diretor do Escritório Nacional de Estatísticas (BNS).
Na comparação com o segundo trimestre de 2022, a economia chinesa também avançou 3,9%, um bom sinal, pois entre o primeiro e segundo trimestre registrou contração de 2,6%.
O presidente chinês Xi Jinping, no entanto, descartou qualquer esperança de retorno à vida normal e reafirmou durante o congresso do Partido Comunista a manutenção da política de “covid zero”.
A estratégia colocou “em primeiro lugar a população e suas vidas”, declarou o chefe de Estado, em uma referência à suposta tolerância com a pandemia das democracias ocidentais.
“As perspectivas econômicas continuam sombrias”, destacou o analista Julian Evans-Pritchard, da Capital Economics.
Ao mesmo tempo, a China registrou aumento no desemprego, com índice de 5,5% em setembro, contra 5,3% em agosto.
O resultado, no entanto, oferece uma visão incompleta da conjuntura, pois é calculado apenas para os núcleos urbanos e exclui, de fato, milhões de trabalhadores migrantes das zonas rurais. Muitos deles perderam o emprego na primeira onda da pandemia, em 2020.
Também publicado nesta segunda-feira, o resultado das exportações mostra uma desaceleração em setembro, com um aumento das vendas da China ao exterior de 5,7% em ritmo anual, contra 7,1% em agosto.
Muitos economistas consideram que a China terá dificuldades para alcançar a meta de crescimento econômico de 5,5% em 2022.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu para 3,2% a projeção de crescimento do PIB chinês em 2022, a menor desde 1976, com exceção de 2020, ano marcado pela pandemia.