Francisco diz que pandemia de covid-19 e guerra na Ucrânia expuseram os limites das Nações Unidas e tornaram “óbvia” a necessidade de reformas na instituição. ONU não está mais apta para “novas realidades”, afirma.O papa Francisco afirmou que a necessidade de uma reforma nas Nações Unidas se tornou “óbvia” com a pandemia de covid-19 e a guerra na Ucrânia. Em um trecho de seu novo livro publicado neste domingo (16), ele diz que as crises expuseram os limites da organização.
O pontífice argentino argumentou que a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro realçou a necessidade de garantir que a atual estrutura multilateral da ONU – especialmente o Conselho de Segurança – encontre “formas mais ágeis e eficazes de resolver conflitos”.
“Em tempos de guerra, é fundamental afirmar que precisamos de mais multilateralismo e de um multilateralismo melhor”, disse o papa no trecho publicado pelo jornal La Stampa, acrescentando que a ONU não está mais apta para “novas realidades”.
Segundo Francisco, a organização foi fundada para evitar que os horrores de duas guerras mundiais voltem a acontecer, mas, embora a ameaça representada por esses conflitos ainda esteja viva, “o mundo de hoje não é mais o mesmo”.
“Loucura cruel da guerra”
Ele afirmou ainda que “nunca há lugar para a barbárie” e defendeu o fim da “loucura cruel da guerra”, dizendo que os conflitos são “o verdadeiro fracasso da política”.
Francisco pediu ainda que autoridades “não manipulem informações e não enganem seus povos para alcançar objetivos militares”, porque “não há ocasião em que uma guerra possa ser considerada justa. Nunca há lugar para guerra bárbara”.
“A guerra também é uma resposta ineficaz: nunca resolve os problemas que se pretende superar”, afirmou Francisco. “O Iêmen, a Líbia ou a Síria estão melhor do que antes dos conflitos?”
Pandemia
Além da guerra, Francisco também mencionou a crise da covid-19, afirmando que a necessidade de reformas nas Nações Unidas “se tornou mais do que óbvia após a pandemia”, quando o atual sistema multilateral revelou “todos os seus limites”.
Assim, o pontífice de 85 anos defendeu “reformas orgânicas” destinadas a permitir que as organizações internacionais redescubram seu propósito essencial de “servir à família humana”. Segundo ele, tais instituições devem ser resultado do “consenso mais amplo possível”.
O novo livro de Francisco, Peço-te em nome de Deus: dez orações por um futuro de esperança, deve ser lançado na Itália na próxima terça-feira.