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sexta-feira 14 de outubro de 2022 às 05:45h

‘Na Bahia, eleitor dá importância em ter um bom gestor, um bom governador’, diz ACM Neto

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Sem se posicionar na eleição presidencial, ACM Neto (União Brasil) afirma em entrevista ao jornal O Globo, que prefere debater gestão a ideologia enquanto ataca o adversário, Jerônimo Rodrigues (PT), por supostamente se esconder atrás do também petista Luiz Inácio Lula da Silva. O ex-prefeito de Salvador acusa o rival de ter, por exemplo, fracassado como secretário de Educação.

O senhor chega ao segundo turno sem declarar alinhamento a nenhuma das campanhas nacionais, mesmo concorrendo com um petista. Não teme que essa isenção possa lhe prejudicar?

No primeiro turno, deixei claro que caso seja eleito governador da Bahia, estarei preparado para dialogar com o presidente que o Brasil escolher, seja ele quem for. Meu foco é a eleição estadual. O meu adversário nacionaliza a campanha pois quer se esconder. Ele quer tudo, menos discutir os problemas reais da Bahia. Governei Salvador por oito anos com três presidentes diferentes, sempre com diálogo. Quero, sim, evitar a nacionalização desse debate.

Nessa decisão de não declarar alinhamento ao presidente Jair Bolsonaro há o medo de perder votos de eleitores de esquerda e de centro?

No primeiro turno, tive votos de todos os campos. Não será diferente dessa vez, eu dou liberdade para o eleitor escolher. Esse é o jogo do meu adversário e não cola comigo. Sigo coerente e mantenho a clareza de que não vou escolher um lado. Na Bahia, esse debate de direita e esquerda tem menos importância do que a vontade de ter um bom gestor, um bom governador. Meu trabalho é voltado para a gestão pública, foco no que interessa. Quero apresentar uma pauta propositiva e menos ideológica.

Lideranças do seu partido, o União Brasil, defendem o seu apoio a Bolsonaro…

O meu partido sempre me deu liberdade para fazer as minhas escolhas, até mesmo quando tinha sua candidata no primeiro turno, a Soraya Thronicke.

O governador Rui Costa (PT) é um dos principais críticos de Bolsonaro. Como o senhor analisa essa relação entre o governo da Bahia e o governo federal no último mandato?

Rui Costa deixou de lado a tarefa de governar e passou a fazer apenas política. Vou respeitar o próximo presidente.

Mas a falta de diálogo com os Executivos estaduais é citada por outros governadores. Como avalia a relação de Bolsonaro com o governo baiano, a atenção dada ao estado?

Pergunte a eles, não a mim.

A eleição deste ano é mais um capítulo da disputa na Bahia entre o carlismo e o petismo. Como avalia o embate atual?

A Bahia, que teve o petismo à frente do governo nos últimos 16 anos, lidera rankings nacionais de homicídios e desemprego. Esses são os problemas reais. Jerônimo representa quatro mandatos de graves problemas e eu pretendo trazer perspectivas de mudança. Ele foi um fracasso (como secretário de Educação). É o legado do PT na Bahia: o penúltimo lugar do Ideb, que mede o aprendizado. É vergonhoso e ele é o responsável por tudo isso. Quero confronto direto com ele, pedindo ao eleitor que compare o preparo de cada um. Respeito quem vota por ideologia, mas sou um nome focado na gestão. As pessoas me conhecem, eu não sou uma surpresa, conhecem os meus princípios e valores.

Seu adversário tem usado a sua autodeclaração racial para atacá-lo. Como vê o uso da pauta étnica na disputa política?

Eu sempre me declarei pardo. Em 2016, ano em que passou a haver a autodeclaração, quando não havia cota partidária e fundo eleitoral, eu já era autodeclarado desta forma. Também sou considerado pardo na minha carteira de identidade, por um critério feito sem autodeclaração. O Jerônimo se esconde nessas polêmicas para encobrir as suas deficiências. Ele não tem moral. O vice dele também se declara pardo. O Rui Costa, seu principal apoiador, também. Ele é contraditório e hipócrita. Mas, se querem debater o tema, fui o prefeito que mais trabalhou a pauta da reparação racial. E proponho cotas de 50% para concursos públicos na Bahia. Como prefeito, garanti isenção tributária aos terreiros de candomblé.

Seu adversário ganhou apoios de prefeitos que apoiaram o senhor no primeiro turno. Acha que isso pode prejudicá-lo?

Ele ganhou alguns apoios, enquanto eu ganhei outros. É natural que haja movimentações. Quem deixou de me apoiar não vestiu a camisa e fará pouca diferença. Aposto mais em quem se juntou a mim.

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