O ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), passou para o segundo turno nas eleições para o governo da Bahia com 700 mil votos a menos que o ex-secretário de Educação Jerônimo Rodrigues (PT). Em pontos percentuais, o petista somou 49,45% dos votos válidos, enquanto Neto ficou com 40,80%. Ou seja, faltou menos de um ponto percentual para Rodrigues fechar a disputa sem a necessidade de segunda votação.
A distância entre ambos é igual ao número de votos que teve o terceiro colocado do pleito, o ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL), João Roma (PL). Roma levou 738 mil votos e somou 9,08%. Nessa matemática, faria todo o sentido que ACM Neto acenasse ao eleitor bolsonarista em busca dos votos de Roma para ter chances no segundo turno. Até porque Jerônimo, que é desconhecido na Bahia, conta com o apoio do outro presidenciável em disputa, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Na prática, no entanto, a conta é mais complicada. Neto e Roma até eram aliados antigos, mas romperam quando o ex-ministro entrou para o governo Bolsonaro.
Agora, Roma condiciona seu apoio a um posicionamento claro de Neto a favor da candidatura nacional de Bolsonaro, algo que ainda não aconteceu e não deve acontecer até o fim da campanha (embora o presidente já tenha se colocado à disposição).
Isso porque no cálculo da campanha do ex-prefeito, um aceno claro a Bolsonaro o faria perder votos lulistas. No primeiro turno, Lula teve quase 70% de votos no estado, dos quais menos de 50% foram para o candidato petista ao governo — o que sugere, de fato, o voto “Lula-ACM”. Além disso, a campanha de Neto também espera que os eleitores de Roma migrarão automaticamente para ele por conta da rejeição que têm ao PT.
Portanto, a posição de ACM Neto até o momento é de neutralidade em relação à polarização nacional sendo considerada a mais correta por especialistas.
Do outro lado, a campanha petista aposta segundo a coluna Maquiavel, na nacionalização do pleito estadual para aumentar a margem entre Jerônimo e ACM Neto e consolidar a vitória no segundo turno, estendendo o domínio do partido no estado, que já dura desde 2007. “A taxa de conhecimento do eleitor sobre Jerônimo ainda não chegou no teto, e é para isso que vamos trabalhar”, disse Éden Valadares, presidente estadual do PT na Bahia, se referindo à parcela de eleitores que ainda não conhecem o candidato, que estreou em campanhas eleitorais neste ano.
Adesivos na Bahia vinculam ACM Neto tanto com Lula quanto com Bolsonaro