Segundo o O GLOBO, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que atua no Congresso há 38 anos, elegeu sete candidatos nas eleições de 2022, entre deputados estaduais e federais. Ao todo, foram lançadas quinze candidaturas em doze estados, todas coordenadas pela direção nacional do movimento, que pretende retomar a agenda da agricultura familiar e de combate à fome.
O resultado, um passo para a criação da bancada da reforma agrária, superou o desempenho nas urnas do Movimento Brasil Livre (MBL), que só elegeu dois representantes. Ao todo, sete candidaturas foram lançadas.
O grupo de direita começou a se formar nos protestos de junho de 2013, com um discurso de renovação política, ancorado na defesa da liberdade econômica, e organizou protestos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016. Em 2018, se aliou ao bolsonarismo — do qual acabou se distanciando. Neste ano, o único deputado eleito para a Câmara foi Kim Kataguiri (União), que tentava a reeleição por São Paulo. O estado também elegeu Guto Zacarias (União) para a Alesp.
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De acordo com o coordenador do diretório Nacional do MST, Alexandre Conceição, o resultado do primeiro turno, com alto índice de aprovação das candidaturas, reforça a importância da reconstrução da política agrária no país. Para ele, é preciso mais investimento em agricultura familiar, focado na produção de alimentos saudáveis, como estratégia para tirar o Brasil do Mapa da Fome:
— Na Câmara, as alianças com outras forças serão muito importantes para barrar as várias tentativas de destruição da legislação ambiental, da legalização do garimpo nas terras indígenas, da aprovação da Lei da Grilagem (PL nº 510/2021) e do fim dos assentamentos de reforma agrária — explicou.
Todos os parlamentares eleitos pelo MST são filiados ao Partido dos Trabalhadores (PT). Dos sete eleitos, três conquistaram uma vaga na Câmara dos Deputados. O primeiro deles, Marcon (PT), agricultor e assentado da Reforma Agrária, foi eleito deputado federal no Rio Grande do Sul. Ele já foi deputado estadual por três mandatos, até que chegou à Câmara em 2010, e agora assume um novo mandato.
Na Bahia, Valmir Assunção (PT) foi reeleito com mais de 90 mil votos. Natural de Itamaraju, o deputado começou na militância em grupos da Igreja católica e participou da organização de famílias e da ocupação de latifúndios.
Governador e candidato à reeleição, Cláudio Castro (PL), vota em sua zona eleitoral, na Escola Municipal Golda Meir, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio — Foto: Gabriel de Paiva
O último foi João Daniel (PT), no Sergipe, eleito deputado estadual em 2010, e deputado federal no pleito seguinte. O político conseguiu se reeleger em 2018 como o quinto parlamentar mais votado da Câmara dos Deputados.
Além deles, Rosa Amorim (PT) foi eleita deputada estadual em Pernambuco e Marina (PT), no Rio de Janeiro. Além das duas, Adão Pretto (PT) e Missias (PT) chegaram às assembleias do Rio Grande do Sul e do Ceará, respectivamente.
— Esse resultado é um reconhecimento das lutas e das pautas que o MST organiza na sociedade há quatro décadas. Não só é reconhecimento da base do movimento, mas da sociedade. Nós vamos trabalhar arduamente para que o Lula seja eleito — disse Marina dos Santos, eleita — Esperamos que, caso eleito, Lula apresente um plano emergencial de combate à fome.
or conta do resultado inferior ao do MST, o GLOBO procurou o MBL, que classificou essa eleição como a “mais difícil”, já que o movimento sofreu impacto do cenário polarizado. Diz a nota: “É da essência do MBL sempre lutar por mais, esperar mais. Contudo, em vista da conjuntura do país – nessa eleição o PT foi de 54 para 80 deputados e o bolsonarismo elegeu governadores e senadores em escala maciça.”
— Independente do que aconteça, nosso país não vai ver uma situação fácil, nossa trincheira será no legislativo— afirma Kim Kataguiri, agora o único deputado federal do grupo.