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sexta-feira 7 de outubro de 2022 às 09:30h

De cada R$ 100 doados nas eleições, R$ 80 foram para candidatos de centro e centro-direita

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Numa eleição financiada com a maior quantia de dinheiro público da História, doadores privados privilegiaram reforçar o caixa de candidatos de partidos de centro e de direita, em especial aqueles alinhados com o presidente Jair Bolsonaro. Dos R$ 674 milhões desembolsados por pessoas físicas até agora, R$ 543 milhões, ou 80%, foram destinados a siglas desse campo ideológico. Só o PL, de Bolsonaro, ficou com R$ 106 milhões. Nomes do PT, a maior sigla de esquerda, por sua vez, captaram pouco mais de um terço disso, R$ 38 milhões.

A conta inclui desde valores repassados por pessoas físicas diretamente para as campanhas, via partidos, doações do próprio candidato, além do chamado financiamento coletivo — as vaquinhas.

Na média, candidatos de partidos de esquerda e centro-esquerda receberam R$ 18,6 mil de fontes privadas, enquanto filiados a siglas de direita e centro-direita arrecadaram R$ 34,8 mil— 87% a mais. PL, PSD, PP, Novo, MDB, União Brasil e Republicanos foram os que mais receberam. O PT é apenas o oitavo da lista

A diferença espelha as estratégias adotada pelos dois candidatos à Presidência que polarizam a disputa eleitoral deste ano. O ex-presidente Lula (PT) resistiu a procurar doações privadas, contrariando setores de seu partido, para se blindar de críticas. Nos últimos anos, tesoureiros petistas chegaram a ser presos na Operação Lava-Jato em decorrência de acusações de intermediar caixa dois de empresários. Diante disso, a sigla optou por bancar a campanha quase exclusivamente com dinheiro do fundo eleitoral. Doações representam apenas 2,1% dos recursos de campanha.

Dos R$ 674 milhões desembolsados por pessoas físicas até agora, R$ 543 milhões foram destinados a siglas desse campo ideológico — Foto: Arte O Globo

Dos R$ 674 milhões desembolsados por pessoas físicas até agora, R$ 543 milhões foram destinados a siglas desse campo ideológico — Foto: Arte O Globo

Prioridades

No PL de Bolsonaro, o planejamento foi o oposto, com a busca de empresários, em especial do agronegócio. O presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, transferiu apenas R$ 10 milhões do fundo partidário à conta do candidato. Ele preferiu investir nas disputas para deputado estadual e federal, frustrando integrantes da campanha do presidente da República.

Apesar das dificuldades financeiras, foi Bolsonaro quem mais arrecadou de pessoas físicas nas eleições deste ano, com R$ 24 milhões em doações declaradas até agora. Em seguida estão Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais que conseguiu se reeleger, com R$ 12,8 milhões, e o candidato bolsonarista ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que arrecadou R$ 7,6 milhões.

— Partidos que estão no poder tendem a ter uma condição de partida para acessar recursos que é vantajosa. O PL, hoje, é o principal partido no governo federal e isso dá uma vantagem comparativa na busca de recursos. Financiamento se relaciona ao acesso que empresários, corporações e seus interesses têm aos espaços em que as decisões são tomadas — diz a professora de Ciência Política da Universidade de Brasília (UnB) Flávia Biroli.

Em valores corrigidos pela inflação, foram R$ 1,55 bilhão em recursos privados doados em 2018. Ou seja, os valores arrecadados neste ano, R$ 674 milhões, são apenas 43% dos que foram doados na eleição anterior. O valor ainda pode aumentar no segundo turno, mas especialistas atribuem a queda nas doações ao aumento do fundo eleitoral, de R$ 4,9 bilhões neste ano. O fundão diminuiu a necessidade de arrecadação privada.

Controlador da Cosan, maior processadora de cana de açúcar do mundo, Rubens Ometto desponta como o principal doador de campanhas. Ele distribuiu R$ 8,8 milhões entre 22 candidatos, além de diretórios partidários. A maior parcela dos candidatos contemplados são de legendas de direita e de centro-direita.

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