O presidente do União Brasil, deputado Luciano Bivar (PE), anunciou na noite desta última quarta-feira que o partido liberou os filiados a apoiar Jair Bolsonaro (PL) ou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na disputa presidencial. Apesar de adotar a neutralidade, como publicou o jornal O Globo, Bivar disse que a legenda cobrará a “preservação dos valores democráticos”, tema explorado pela campanha de Lula, que trata o adversário como um postulante antidemocrático.
Em Brasília, em declaração à imprensa, ele leu uma nota oficial da sigla e respondeu a questionamentos, mas evitou dar uma opinião pessoal sobre quem apoiaria neste segundo turno.
— Com tamanha robustez, o União Brasil Poderá cobrar dos governantes o cumprimento de suas promessas e, acima de tudo, a preservação dos valores democráticos, do Estado de Direito e de suas instituições. Em um partido tão grande é natural que haja posições divergentes. Por isso, em respeito à democracia intrapartidária, a direção nacional do União Brasil decide liberar seus diretórios e filiados para que sigam seus próprios caminhos — declarou Bivar.
Bivar também disse que “fica feliz” com as negociações de fusão entre União Brasil e PP. Ele admitiu, contudo, que a junção passaria pela discussão da eleição à presidência da Câmara e outras variáveis nos estados. Hoje, o atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), pretende ser reconduzido ao cargo, enquanto Bivar também tenta se cacifar com o mesmo propósito.
— A gente pode condensar cada vez mais o sistema partidário brasileiro em poucos partidos. Isso a gente defende — disse Bivar.
Mais cedo, aliados de Bolsonaro ainda tentaram convencer um dos principais nomes da sigla, ACM Neto, candidato do partido ao governo da Bahia, a endossar o apoio da legenda a Bolsonaro. Mas não obtiveram sucesso. Bivar também resistia a adotar uma postura favorável ao candidato do PL à reeleição.
No primeiro turno, a legenda teve como candidata ao Palácio do Planalto Soraya Thronicke (MS), que obteve 0,5% dos votos válidos. Após a derrota, ela declarou que não apoiaria nenhum dos candidatos e chamou tanto Bolsonaro quanto Lula de “bandidos”.
ACM Neto na Bahia
Neto tem resistido desde segunda-feira à investida porque qualquer associação a Bolsonaro poderia comprometer a sua própria eleição. Na Bahia, o candidato petista ao governo, Jerônimo Rodrigues, alcançou 49,45% dos votos válidos, contra 40,80% de ACM Neto. Na disputa presidencial entre os eleitores do estado, Luiz Inácio Lula da Silva teve 69,73% dos votos válidos, uma larga vantagem sobre Bolsonaro. Por isso, um possível apoio do partido a Bolsonaro significaria uma antecipação da derrota no pleito.
Nesta última quarta-feira (5), o governador reeleito pelo estado de Goiás, Ronaldo Caiado, declarou apoio a Jair Bolsonaro. No estado, ele derrotou o aliado do presidente da República Major Vitor Hugo (PL).