A avaliação a respeito do debate de ontem na TV Globo tanto na campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) como na do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é a de que o cenário eleitoral continua o mesmo de antes, ou seja, “tudo aberto” com uma chance pequena de a eleição ser resolvida no próximo domingo (2).
Do lado de Bolsonaro, auxiliares reconhecem que o presidente teve altos e baixos, mas salientam que Lula “caiu na armadilha” do Padre Kelmon (PTB). E isso já está e continuará sendo usado nas redes sociais daqui até a eleição. Figurinhas com Lula “golpeado” pelo padre e mensagens que atacam a Globo já estão sendo disparadas nas bolhas bolsonaristas.
Bolsonaro, que foi ao debate acompanhado de seu filho Carlos, nas palavras de um auxiliar, começou muito “em 2018” e demorou para entrar em pautas propositivas. Conforme mostrou a coluna, Carlos orientou o pai a usar toda a artilharia possível contra Lula, incluindo o resgate de casos antigos como a morte do ex-prefeito Celso Daniel.
Bolsonaro começou o debate combativo, aparentando nervosismo, mas deu um passo para trás ao evitar uma pergunta direta do tema a Lula. O presidente escolheu a candidata Simone Tebet (MDB), que o respondeu de forma ríspida, “lacrando”, como as redes sociais também apontaram.
A estratégia do presidente também previu dobradinhas com o candidato do Novo, Felipe D’Avila, e apostava justamente que o Padre Kelmon repetiria o seu papel de ajudar o presidente. A primeira participação do padre em debates foi no último sábado, no SBT, e a campanha de Bolsonaro achou positiva a postura do candidato escolhido por Roberto Jefferson (PTB).
Para assessores de Bolsonaro, um ponto importante que mostra que o cenário não sofrerá muita alteração por conta do programa global é que a audiência caiu “rapidamente” por conta do horário. Assim, a campanha de Bolsonaro tentou fazer com que as redes sociais assumissem o protagonismo já na madrugada.
PT vê derrapada de Lula e Bolsonaro agressivo
Do lado do PT, é quase consenso que o entrevero de Lula com Padre Kelmon no terceiro bloco desestabilizou o petista.
Apesar disso, segundo uma fonte do partido, as pesquisas qualitativas e os grupos monitorados não registraram um impacto significativo da discussão.
Auxiliares de Lula avaliaram ainda que o presidente Bolsonaro mostrou o seu lado agressivo e desequilibrado já no começo, o que seria um erro do adversário, já que a fase inicial do programa é justamente a mais assistida pelos brasileiros.