Os ventos provocados por Ian surpreenderam pela rapidez com que passaram de 56 km/h para 240 km/h, em um intervalo de pouco menos de 3 horas, na quarta-feira (28). Meteorologistas do governo norte-americano e cientistas apontam conforme a AFP, que esse evento súbito pode estar relacionado ao avanço das alterações climáticas.
Neste ano, a temporada de furacões, que vai de junho a novembro, tem sido considerada de baixa intensidade em número de eventos, em comparação com períodos anteriores. Entretanto, o movimento e o rápido crescimento do furacão Ian, o quarto da temporada, mostram como o surgimento de grandes furações mortais é incontrolável.
Em pouquíssimo tempo, a tempestade tropical, formada no mar do Caribe, se transformou em um furacão de categoria 4, a penúltima na escala que vai de 1 a 5. Até então, somente 6% dos furacões apresentaram essa intensificação rápida.
Ian já é considerado um dos mais fortes a atingir a Flórida em toda a história. A chegada de furacões de categoria 4 ao Golfo do México não é comum, observam os meteorologistas. O último registrado foi o Charley, há 16 anos, que atingiu a costa leste na mesma categoria (4).
Ian tocou o solo norte-americano duas vezes, com ventos de 240 km/h. Pouco depois do meio-dia de quarta-feira, o furacão varreu o condado de Lee, próximo de Fort Meyers, uma região turística do estado conhecida por suas praias de areia branca, água quente e transparente. Após aterrissar, Ian começou a perder força e recuou, gradualmente, à categoria 1, com ventos de 120 km/h.
Inundações e danos
Na manhã desta quinta-feira (29), mais de duas milhões de residências, sobretudo as que estiveram na rota do furacão, estavam sem energia elétrica na Flórida. Milhares de casas estão alagadas, e uma embarcação que transportava 27 imigrantes cubanos naufragou. Três pessoas foram resgatadas com vida, quatro conseguiram nadar até a costa, mas 20 passageiros estão desaparecidos.
Há grande preocupação das autoridades com as inundações. A tempestade gerada pelo furacão sopra do oceano para a terra e empurra enormes quantidades de água para o interior das terras. Equipes de resgaste estão em alerta porque são justamente as inundações e os alagamentos que podem causar mais mortes, de acordo com o Centro Nacional de Furacões dos EUA.
Algumas regiões da Flórida registram inundações de mais de 5 metros de altura. Um efeito que deve durar por mais tempo, embora o furacão tenha recuado à categoria 1. Um motivo extra que coloca as autoridades em alerta é que boa parte da população não saiu das áreas de maior risco, mesmo depois dos repetidos avisos.
Antes de chegar à costa da Flórida, Ian deixou dois mortos em Cuba.
Cientistas têm alertado que o aquecimento das águas dos oceanos e da temperatura terrestre tendem a aumentar a frequência de fenômenos meteorológicos extremos. Essa mudança de paradigma exige um reforço da capacidade de reação das autoridades, a fim de proteger as populações na rota desses furações.
Além do furacão Ian, o tufão Noru, que atingiu o Vietnã nesta quarta-feira (28), apresentou o mesmo padrão – uma explosão rápida na força dos ventos, passando da categoria 1 a 5, em poucas horas.