Um dos parlamentares mais experientes do Senado, onde está desde 1995, Renan Calheiros (MDB-AL) tem seus palpites segundo a coluna Maquiavel, da Veja, sobre a composição da Casa a partir de 2023, depois da definição de um terço das cadeiras nas eleições deste ano. Para o cacique alagoano, a correlação de forças não deve sofrer grandes alterações e partidos de centro sairão das urnas como as maiores bancadas da Casa, incluindo o seu MDB. O PT do ex-presidente Lula, com sete senadores atualmente, e o PL do presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem nove (dos quais dois licenciados), também podem avançar, avalia o emedebista.
“A definição da face do próximo Senado não será muito distante do atual, com um predomínio das legendas de centro. Pelas projeções das pesquisas, três partidos podem ter as maiores bancadas: MDB, PSD e PL, cada um com doze senadores, considerando a bancada atual e a renovação de um terço. O PT pode ampliar a bancada atual, os demais devem ficar estáveis numericamente e o PP pode perder cadeiras”, disse Renan a VEJA, ponderando ser “temerário” fazer prognósticos diante de sinais trocados de pesquisas em alguns estados – imprevisibilidade que não se aplica ao seu estado, Alagoas, onde seu filho, Renan Filho (MDB), lidera com folga a corrida ao Senado, com 56% das intenções de voto, segundo o Ipec.
Diante da fragmentação partidária no Senado, onde dezesseis legendas dividem atualmente as 81 cadeiras, Renan Calheiros diz que “não há razoabilidade” no quadro. “Essa pulverização quase anárquica, que dificulta a formação da maioria, é um bom motivo para reflexão coletiva a fim de buscarmos uma reforma política partidária digna desse nome”, completou.
Casa dos políticos mais experientes, onde a força do Centrão é mais diluída do que na Câmara, o Senado foi palco de derrotas expressivas do governo Bolsonaro desde 2019. Por esse motivo, o presidente escolheu a dedo alguns candidatos a senador nos estados, a exemplo dos ex-ministros Gilson Machado (PL-PE), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Marinho (PL-RN), Flávia Arruda (PL-DF), Damares Alves (Republicanos-DF) e Tereza Cristina (PP-MS).
Nesta correlação de forças desfavorável ao Palácio do Planalto, Renan Calheiros emergiu como um dos principais opositores de Bolsonaro na Casa e foi o relator da CPI da Pandemia, cuja criação representou uma das maiores derrotas políticas do governo no Senado. O relatório do emedebista atribuiu nove crimes ao presidente na condução da crise sanitária do coronavírus. Renan tem desconversado quando questionado sobre se poderia se lançar novamente à Presidência da Casa, posto que já ocupou por quatro vezes, sobretudo se o aliado Lula voltar ao Palácio do Planalto.